Clean beauty e consumo consciente de beleza com A Naturalíssima

Clean beauty e consumo consciente de beleza com A Naturalíssima

A Marcela Rodrigues, da plataforma A Naturalíssima explica o clean beauty e os três passos do consumo consciente.

Quem ama ler um rótulo de skincare e conhece na ponta da língua quais ingredientes funcionam bem na sua pele e quais prefere evitar, já é bem familiarizado com o clean beauty, termo que designa os cosméticos com ingredientes não-tóxicos e comprovadamente seguros.

Mas para quem ainda está entrando nesse universo tão rico de informações, conversamos com a Marcela Rodrigues, criadora da plataforma "a Naturalíssima". A jornalista especializada em beleza limpa nos explicou como surgiu o termo clean beauty, como podemos fazer a transição ao movimento e quais os três passos para o consumo consciente.

O que é clean beauty?

"Clean beauty é beleza limpa, um termo muito novo", aponta a Marcela. O que não quer dizer que seja exclusivamente natural. O clean beauty engloba as fórmulas ingredientes não-tóxicos ou suspeitos, além de comprovadamente seguros.

A Marcela explica que é um movimento "diferente de slow beauty, de beleza natural ou de beleza verde, que ele surgiu muito por prática de mercado. Surgiu para as fórmulas que não se adequavam nem a uma especificação ou a outra, a orgânico ou natural, mas que ao mesmo tempo estavam próximas do que seria um produto de consumo consciente de beleza. E principalmente que a gente, como consumidor pode pegar esse termo clean beauty e transformar em mais do que uma categoria de produto, mas em atitudes".

Ou seja, não significa comprar uma linha completa, mas repensar o nosso consumo. "Quais são as minha atitudes limpas na minha rotina de beleza? Para além de comprar um produto limpo, sustentável, é usar ele até a última gota, lavar, mandar para a coleta seletiva, parar pra pensar se eu consigo reutilizar, se eu consigo prolongar a vida útil da embalagem. Ter atitudes sustentáveis para com a minha rotina de beleza e não atribuir só às empresas e marcas como se elas fossem responsáveis pelo clean beauty. É importante pra gente não criar um sinônimo só de produto, senão, a gente vai só comprar, comprar e comprar mais", explica a especialista.

Não basta ser natural, precisa ser sustentável.

Marcela Rodrigues

Clean beauty e consumo consciente: eles caminham juntos

A Marcela fez o processo de transição dos produtos convencionais há cerca de dez anos e tem muito conhecimento prático enriquecido com a profissão. Ela investiga e entrevista especialistas da área o movimento slow beauty e clean beauty, quando nem mesmo esses termos eram usados.

"Pra quem tá começando a mudar a rotina de beleza ancorada nos alicerces de consumo consciente, quer ter uma rotina e um consumo consciente em beleza, a primeira questão, antes de olhar rótulos e pensar só na compra de produto é pensar no que te move a querer comprar aquilo. Esse novo consumo consciente parte primeiro de um monte de quebras de paradigmas que vai resultar na compra de produtos que têm menos impacto ambiental e menos relação com o impacto negativo na nossa saúde. Tudo parte muito de quebras de paradigma de pensamento e de comportamento", explica.

3 passos para aderir ao clean beauty + consumo consciente

Antes de querer sair comprando tudo o que é natural, clean beauty, ou qualquer outro movimento que te interesse, pare para programar o consumo de o que você já tem em casa. Podemos repensar o nosso consumo começando por utilizar até acabar o que já adquirimos e pensar num novo produto quando realmente temos a necessidade. "O que adianta eu ter dez produtos na bancada do meu banheiro, que são naturais e orgânicos, se eu não uso eles de fato? Eles não são necessários e geram um monte de lixo no meio ambiente. Então, antes de eu só comprar um produto que é orgânico e natural, eu preciso repensar: o que me move a comprar? É uma minha insegurança? É uma necessidade importante? Será que eu preciso de dez? Será que três não resolveriam?".

A Marcela indica três passos essenciais para a transição:

"O primeiro passo é a gente entender quais as motivações que nos levam a comprar qualquer coisa ou serviço, e refletir se é uma motivação que vale a pena seguir e vou comprar porque preciso; ou se é uma motivação externa e vale a pena eu tentar esquecer ou substituir por outra coisa.

O segundo passo é um auto-questionamento que nos leva àquela clássica e clichê frase de que menos é mais.

E o terceiro passo é: uma vez que sei que vou comprar, eu preciso, eu quero, é a questão de olhar o rótulo. Porque o rótulo precisa ter, obrigatoriamente, as informações mais importantes sobre um produto. O que tem dentro daquele potinho? Qual é a empresa? Quais são os ingredientes?"

Clean beauty é autonomia

A partir do momento que você adquire a autonomia, "pilar mais importante do consumo consciente em qualquer área", a Marcela aponta o passo seguinte: o rótulo. "Quando a gente lê o rótulo, a gente precisa se atentar nos ingredientes, nos selos de certificadores de veganos, orgânicos ou naturais. Tente ler o rótulo além do rótulo. Vou comprar algo que é sustentável e vou fomentar algo que eu acredito? Quais são as ações e o impacto geral nos direitos humanos, no empreendedorismo? Eu sempre indico tenta criar uns critérios muito pessoais. Os meus são: se eu tenho duas marcas na minha frente, vejo quais os valores delas que mais se conectam comigo, com os meus valores de estilo de vida, as minhas crenças de economia, de visão de mundo", ensina.

Transição ao clean beauty

Quantas vezes você acabou comprando simplesmente por comprar? Porque estava feliz, porque estava triste, porque simplesmente comprou sem pensar? A gente sabe que tudo é desculpa pra quando precisamos justificar uma compra impulsiva a nós mesmos. "As vezes a gente compra movido a inseguranças, pra preencher vazios" e aqui, entre a ansiedade, aponta a Marcela. "As pessoas querem trocar tudo o que têm, jogar tudo fora por tudo novo orgânico. Mas a gente precisa lembrar que não existe fora e não tem planeta b, então a gente não pode nem deve jogar tudo fora".

E como passar por esse processo de transição sem colocar tudo numa caixa e sair de sacolas cheias daquela lojinha com todos os produtos dos sonhos? "A gente pode fazer aos poucos. Sempre indico fazer cruzamentos de dados. O que você usa todos os dias e a gente já sabe que tem comprovadamente impacto negativo na saúde e meio-ambiente? Hidratantes com parabenos, perfumes que já são comprovados que são disruptores endócrinos, os xampus que têm sulfatos, o desodorante que além do alumínio muitas vezes tem parabenos e triclosan, que são ruins para nossa saúde porque nos impedem de transpirar que é uma função natural tão importante do corpo.
Começa por esses e depois você vai fazendo as trocas. Com perfume, ao invés de fazer a troca, usei a passar menos. E assim a transição fica mais leve e até possível financeiramente".

Clean beauty: como não cair em ciladas em greenwashing?

Seja quando falamos em clean beauty, quando repensamos as nossas escolhas alimentares ou de qualquer outro produto de consumo, devemos prestar muita atenção ao greenwashing. O termo em inglês se refere às empresas que proclamam uma preocupação com o verde, com o meio ambiente mas que escondem a sujeira embaixo do tapete, ou seja, que não passa de uma jogada de marketing. É, por exemplo, a empresa de moda que promove a etiqueta de matéria prima orgânica mas despeja a química de lavagem. E ciladas existem em todas as áreas, portanto, olhos abertos, combinado?

Mas como evitar cair nas ciladas em greenwashing? "A primeira coisa é informação, mas a informação vai mudando. Há oito anos, a gente tinha o natural ou orgânico ou o convencional. Agora a gente tem o meio termo, a gente tem os sintéticos seguros, tem o vegano, o livre de principais ingredientes tóxicos, tem o super natural. Isso tudo confunde muito porque tem produtos convencionais livres das piores químicas. Ou veganos que nem são livres e todo mundo confunde. Conforme o mercado se expande fica difícil mesmo. A primeira coisa pra não cair em cilada é se informar e praticar a auto-responsabilidade. É difícil ler rótulo porque os nomes estão em latim, são nomes difíceis? A gente tem que saber o básico, investigar a origem das coisas pra quando escorrer pelo ralo não poluir o ambiente e não desequilibrar os meus hormônios a longo prazo", indica a Marcela.

Clean beauty, o meio termo

O clean beauty, como nos explicou a Marcela, entrou nas nossas bancadas como uma resposta de mercado. É aquele produto que não se classifica num selo de natural com 95% de ingredientes de origem natural, mas que ao mesmo tempo não tem ativos suspeitos em sua fórmula.

"O clean beauty vem pra desmistificar de que ou é oito ou 80 e pra fazer com que pessoas de todos os estilos de vida olhem pro consumo consciente e o façam no seu ritmo. É urgente, a gente precisa consumir consciente pra ontem mas ao mesmo tempo, quando a gente olha pra nossa realidade financeira e estilo de vida de contexto, a gente tem que se julgar menos. Siga o próprio ritmo mas sem usar isso como muleta pra não sair da zona de conforto", ensina a Marcela.

Não tenhamos pressa mas também não percamos tempo. Não basta ser natural, precisa ser sustentável.

Marcela Rodrigues

Queremos saber de você: o clean beauty faz parte das tuas escolhas? Você está iniciando o processo de transição? Ou essa informação te fez parar pra pensar e reavaliar o teu consumo?

Tem alguma dica, dúvida ou sugestão? Fale com a Sallve! A gente adora trocar experiências!

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