por que estamos dormindo menos

A humanidade nunca dormiu tão pouco: por que isso é perigoso?

É fato comprovado: nunca se dormiu tão pouco e tão tarde - e cientistas tem explicações perfeitas para o (perigoso!) fenômeno.

por que estamos dormindo menos

Ninguém:
Absolutamente ninguém:
Nenhuma alma no universo:

Você: "Nossa, não dormi nada essa noite."

Dormir é uma das maiores necessidades biológicas do nosso corpo. Segredo crucial para se ter uma boa qualidade de vida, uma boa noite de sono contribui para um melhor funcionamento do nosso metabolismo, uma mente mais disposta e alerta e até como forma de prevenção de doenças crônicas. Mesmo sabendo de tudo isso, a humanidade nunca dormiu tão pouco em toda a nossa história.

A ciência comprova

Não é exagero, é fato comprovado: segundo diversos estudos científicos, 31% das pessoas hoje em dia dormem menos de seis horas por noite, enquanto 69% reclamam que não dormem o suficiente. Os dados foram compilados pela jornalista Maria Konnikova, da The New Yorker, em uma série de posts sobre o sono. Ela conta ainda que um pesquisador da Universidade da Austrália do Sul descobriu, ao analisar os registros de sono de crianças de 1905 a 2008, que elas perderam um minuto de sono por ano. "Não é apenas uma tendência do mundo adulto. Nós, como população, dormimos menos hoje", ela escreve.

Maria conversou com uma série de experts no assunto e explica que o problema não é que estamos acordando mais cedo. O maior foco do problema está ali naquela horinha pré-sono: a hora que escolhemos ir para a cama e como o fazemos. "A hora que você vai para a cama afeta suas horas de sono, não importa o quão cansado você esteja", afirma Elizabeth Klerman, estudiosa do assunto.

Tem fator genético? Tem.

Uma parcela dessa nossa facilidade de pegar no sono é genética - pense insônia ou interrupção circadiana (nosso ciclo biológico de 24 horas). Essas interrupções afetam diretamente os níveis de melatonina do seu organismo - e é a melatonina que sinaliza para o seu cérebro que é hora de relaxar e preparar seu corpo para dormir. Esses níveis podem ser afetados ou por que seu corpo não produz melatonina o suficiente, ou porque seus receptores estão faltando.

Mas o problema maior passa longe de ser só genética

Konnikova escreve que nossos genes não mudaram tanto assim no último século para afetar diretamente nossa qualidade de sono. A maior parte do problema é - você acertou! - externa. É o ambiente em que vivemos.

E é aí que você pode alocar todos aqueles fatores que já está cansado de saber: nicotina, cafeína e álcool afetam negativamente nosso sono, especialmente se consumidos perto da hora de dormir.

Exercícios físicos e alimentação em horários regulares ajudam. Comer tarde demais ou muito, logo antes de dormir? Péssimo para o sono (e olha lá, é recíproco: problemas de sono são diretamente ligados ao ganho de peso). Dormir com fome? Ruim do mesmo jeito.

Consistência é chave

Fator essencial para uma boa rotina de sono é ter consistência em seus horários. Você já notou, fatalmente, que naquela noite em que vai dormir tardíssimo e promete "compensar no dia seguinte", você acaba adormecendo tarde do mesmo jeito no dia seguinte. Ter um horário de sono regular vai ser o melhor amigo do seu relógio biológico.

E claro... A luz

Todos os especialistas que conversaram com a jornalista, porém, são uníssonos em afirmar: a luz tem sido nossa pior inimiga nesta jornada pelo sono que nutre, que descansa. Seres humanos são incrivelmente sensíveis à luz. Temos, aliás, fotorreceptores nos nossos olhos que só respondem a mudanças do claro para o escuro, e que funcionam quase que exclusivamente para regular nosso ciclo circadiano. Olha que incrível: eles funcionam até em pessoas que são cegas. Elas podem não enxergar, mas seus corpos ainda assim ajustam seus ciclos circadianos dentro deste padrão.

Acontece que agora somos cercados de luz até bem mais tarde. É a televisão, o computador, o celular, o tablet, o Kindle... E quando estamos expostos a essas luzes artificiais, nosso corpo de fato adia o relógio biológico e a hora de dormir. Com esse atraso dos sinais de que é hora de desligar e dormir, nossos níveis de energia ficam mais altos ao invés de rolar aquela liberação de melatonina que vai nos fazer adormecer.

Um dos cientistas que conversou com Maria Konnikova descobriu que a luz artificial pode alterar nossos relógios internos de quatro a seis zonas de fuso horário, dependendo da hora em que estamos expostos a elas. Em uma de suas pesquisas, Charles Czeisler concluiu também, após uma série de testes entre seus colegas, que quem lê um e-book antes de dormir teve a liberação de melatonina do seu organismo atrasada por uma hora e meia, se comparado com quem lê um livro convencional na mesma hora. Não só eles dormiam bem mais tarde, aliás, como no dia seguinte estavam menos alertas.

Vale apostar em remédios para dormir?

Matt Bianchi, um dos experts que conversou com a jornalista, afirma que não: segundo ele, quem depende de remédio para dormir só consegue descansar por trinta ou quarenta minutos a mais do que quem não toma nada. Além do mais, ela alerta, nenhuma droga é capaz de simular exatamente a progressão natural do sono no nosso organismo.

Mas claro, há muito mais que a gente pode fazer para reverter esse quadro. As pistas estão neste post mesmo: menos luz na hora de dormir, horários consistentes (tanto de dormir quanto de acordar) e uma boa qualidade de vida. Dormir mal, que antes era excessão, hoje virou nossa realidade. E isso é um perigo.

A importância do sono

Sabe aquela frase "motivacional" que andou correndo por aí, "trabalhe enquanto eles dormem"? Então: esqueça ela. Raciocínios desse gênero só sublinham ainda mais a culpa que a sociedade criou, nos últimos anos, em torno do momento de descanso. Mas descansar é tão fundamental quanto uma boa alimentação e exercícios para a nossa saúde, tanto física quanto mental - pense no sono como uma necessidade fisiológica mesmo, e que deve ser suprida.

Mas qual é a importância do sono? Pois bem, vamos lá:

1- Cientistas já divulgaram diversos estudos linkando diretamente o sono à nossa capacidade de concentração, produtividade e melhora até da nossa memória.

2- O sono também tem ligação direta com uma alimentação saudável e com como o nosso corpo absorve as calorias e nutrientes necessários para o seu funcionamento. É que não só um corpo privado de sono pode ter mais dificuldade de regular a absorção dos alimentos ingeridos, há estudos que ligam os padrões de sono à atividade dos hormônios do apetite e no ritmo do nosso metabolismo.

3- Uma boa noite de sono também ajuda a prevenir doenças cardíacas: de acordo com especialistas e diversos estudos, uma boa noite de sono ajuda o corpo a regular sua pressão arterial, ajudando na prevenção de quadros de pressão alta.

4- A ligação entre sono e saúde mental também são comprovados: há diversos estudos que comprovam uma conexão entre depressão e quadros de insônia, por exemplo.

5- O sono é fundamental não só para a nossa mente, mas para o nosso corpo: enquanto nossa mente descansa, é nessa hora que nosso corpo entra em processo regenerativo, e isso acontece até com a nossa pele sabia? Quando há a alteração da produção de certos hormônios pelo nosso corpo por conta de poucas horas de sono, nossa pele reduz seu ritmo de renovação celular, e o resultado? Nossa pele perde completamente o viço! Não só isso: enquanto dormimos, nossa pele trabalha na reposição de células perdidas de colágeno e elastina. Se dormimos pouco, esse processo também é afetado, resultando no envelhecimento precoce da nossa pele.

E aí: vambora regular esse sono?

Voltar para o blog