A gente já cansou de falar aqui no blog: toda pele precisa de hidratação. Pele oleosa? Sim. Pele acneica? Sim também. Hoje, porém, quem vem reforçar a palavra da salvação é outra pessoa - mais especificamente a Mariana de Freitas, lá de São Luís do Maranhão.
A Mari participou da nossa Turnê Sallve no Maranhão, e basta dar uma voltinha por seu perfil no Instagram para querer bater um longo papo com ela sobre pele, sobre beleza - e, se você tem acne, mais ainda, sobre acne mesmo. Eu tive essa chance numa dessas tardes, e foi uma delícia.
"Eu realmente comecei a cuidar da minha pele ali pelos 17 anos. Minha mãe sempre cuidou muito da pele dela, mas eu nunca dei muita atenção para isso - só fui me cuidar quando começou o problema da acne", começa Mari, dando início à sua #jornadadapele. "Eu tenho síndrome dos ovários policísticos, e a acne é um dos sintomas mais fortes desse quadro. Normalmente junto com isso vem a pele oleosa, mas minha pele é normal mais para seca - depende de como está o clima. Como moro no Maranhão, que é muito quente, pode aparecer uma oleosidade no nariz, mas minha pele oscila muito de acordo com o clima".
O começo da acne da Mariana e a procura pelo dermatologista
A acne da Mariana começou com muitas espinhas internas, "aquelas bem císticas mesmo, que doíam a ponto de eu não conseguir nem dormir do lado que tinha espinha". O quadro a levou a procurar um dermatologista conhecido de sua cidade, mas a experiência não foi das melhores. "Foi uma consulta muito rápida, coisa de cinco minutos. Ele nem olhou minha pele, só perguntou qual era meu problema. Falei que tinha acne, e ele imediatamente concluiu que eu tinha pele oleosa, mesmo eu afirmando que não. Senti que foi uma receita de bolo, sabe? 'Usa o sabonete tal, o ácido e o hidratante' - ele nem passou protetor solar", relembra Mari.
"Voltei para casa inconformada. Cheguei a retonar duas ou três vezes, e nada da minha pele melhorar. Eu tomava antibiótico a pele ficava ótima, mas se eu parava, voltava tudo de novo. Eu falava muito que minha pele não era oleosa, ele teimava que não, e foi aí que eu cansei e decidi que ou ia procurar outro dermatologista ou ia cuidar da minha pele por conta própria", conta Mari. Foi quando ela descobriu que não era a única cuja pele era incompreendida, que Mari teve a ideia de abrir um Instagram para ampliar essa conversa. "Fui pesquisar como cuidar da minha pele, e demorei muito até encontrar minha dermatologista atual, que eu amo. Mais ou menos nessa época chegou a Sallve com produtos que cuidam da sua pele oleosa sem ressecá-la até a morte."
Todo esse processo tão conturbado fez com que Mariana travasse uma verdadeira luta de braço com sua pele e, no final, descobrisse algo tão importante: ao usar tantos produtos antiacne que ressecavam e sensibilizavam sua pele, ela aprendeu a importância de uma pele hidratada. "É muito difícil tratar a acne sem maltratar a pele, porque geralmente todos os tratamentos para esse caso ressecam a pele", ela fala, sobre sua experiência. "Muitos produtos são ressecativos, e isso fazia muito mal pra minha pele. Minha pele chegava a descamar, ficar sensível... Sempre foi muito difícil cuidar da minha pele. Eu podia usar o ácido que fosse, ou era muito agressivo ou não fazia efeito."
Tem que hidratar sim, sempre!
Ao mesmo tempo em que trata sua acne, Mari cuida de sua pele tomando o cuidado de hidratá-la sempre. Sua estratégia? Várias camadas bem fininhas antes de chegar nos ácidos.
"Faço uma camada muito potente de hidratação para que o ácido consiga fazer efeito e sem fazer mal para minha pele. Ninguém fala nisso: a importância de hidratar bem sua pele quando você usa um ácido", diz Mari. "Nossa pele pode sofrer consequências com esse tratamento, e a gente pode acabar se vendo obrigada a suspender o uso. Usei alguns que eram tão agressivos para a minha pele que eu tive que parar de usar, pois chegava a um ponto em que não conseguia nem passar água na pele. E isso é muito ruim, porque tratamento, se você não dá continuidade, não dá certo: pele pede consistência. Com acne, se você não dá atenção e não existe consistência no cuidado, nada adianta".
Mari distribui a hidratação entre diversos cosméticos de sua rotina de skincare, como no Limpador Facial, no tônico ou na essence. "Amo usar tônicos mais hidratantes, que gosto de aplicar com a mão e que trazem na hora uma vida de volta pra minha pele", explica Mari. "Essences, que são mais orientais, são como um tônico mais grossinho, para mais hidratação sem pesar. Essa é minha dica para quem tem pele oleosa, aliás: produtos hidratantes bem levinhos. Parece que você não está com nada, mas está com a pele hidratada e sem repuxar."
Seus séruns, por sua vez, são sempre focados em acne: "Tenho conseguido tratar minha acne com esses produtos que não têm uma concentração tão alta a ponto de deixar minha pele ressecada ou sensível."
E quando chega a hora de hidratar? "Prefiro, ao invés de um hidratante grosso, fazer camadinhas de hidratantes bem fininhos. Acho que se você vai fazendo essas camadas mais levinhas, funciona melhor do que uma camada grossa, um bloco de hidratação super grosso."
"Prefiro um resultado que seja lento do que um produto super potente que em um, dois dias, vai deixar minha pele ressecada ou sensível."
Mariana de Freitas
Acne é multifatorial: isso é um fato
Você pode nunca ter ouvido falar em pele seca com acne, mas a experiência de Mari está aí para nos fazer ver a acne com um olhar bem mais amplo: "Minha dermatologista diz que não é muito comum na literatura encontrar esse caso, mas minha acne tem fundo hormonal muito forte", ela conta, afirmando, com toda razão, que várias coisas influenciam no caso.
"Hoje a gente entende que acne é multifatorial: não é só obstrução de poros, são vários fatores. Minha pele fica muito inflamada com estresse, por exemplo. Sempre falo para os meus seguidores prestarem atenção na vida deles e não só na rotina de skincare. Pensa no estresse, se você está de TPM, se sua alimentação está regrada... Minha pele é mais sensível a açúcar, por exemplo. Então quando como lactose ou açúcar, minha pele reage. Demora um pouco, mas acontece. E aí se paro de comer açúcar, minha pele vai melhorando, então sempre digo: fica calmo."
"Você mais do que ninguém tem que aprender a conhecer sua pele e como ela responde aos estímulos."
Mariana de Freitas
Diário da pele
Uma ideia incrível da Mari? Ela elaborou um planner com uma amiga de São Luís, para as pessoas baixarem e escreverem sobre sua pele diariamente. Mas mais do que isso: "Você anota o que você comeu, se você ficou estressado, se brigou, se fez uma prova importante, se foi um dia tranquilo, se fez seu skincare, se fez seu exercício... São fatores que você vai olhando e vai conseguindo detectar se influenciaram o estado da sua pele", explica. Amamos? Sim.
"É bom você dar essa olhada na sua rotina de skincare, porque é muito fácil você culpar o creme novo, mas será que foi o creme ou estamos ignorando todo o nosso entorno e todos os outros fatores que podem ter desencadeado acne?"
Mariana de Freitas
"Antes de você jogar o creme novo fora, veja se realmente é ele: experimente-o em outras circunstâncias. Eu já salvei vários meus assim, mas hoje sempre dou uma segunda chance", ensina Mari.
Maquiagem
Mari ama maquiagem, e não tem a menor vergonha de assumir que gosta de cobertura, seja ela mais pesada ou não. "Sempre fui super de boa de cobrir minha pele, mas sempre bato na tecla também de que o skincare deve sempre vir antes e a maquiagem depois, porque não adianta a base mais cara do mundo se você está com a pele mal cuidada", diz.
"Tem épocas que minha acne está muito forte, e isso me afeta mesmo. Não quero aparecer nos Stories, quero usar muito filtro... Isso mexe muito na autoestima, e a maquiagem dá uma ajudada", pondera Mari. "Mas ao mesmo tempo, evito fazer maquiagem quando minha pele está muito ruim. Nem só por questão de tratamento, mas porque vejo ainda mais o relevo na minha pele. Quando estou sem, não sinto tanto. Mas quando uniformiza a cor, vejo coisas que não via sem, então evito.
"A relação da acne com autoestima é muito próxima, só quem tem acne sabe como é. Você pode até ter depressão, ninguém pode julgar."
Mariana de Freitas
O que a acne me ensinou
Terminando nossa conversa, pergunto a Mari o que a acne a ensinou. A acne sempre ensina alguma coisa pra gente. Sobre a nossa pele, sobre nossos hábitos, sobre a gente mesmo. Ela responde de imediato: "A acne me ensinou a me respeitar e a respeitar os meus limites."
Ela continua: "Às vezes a gente está com um problema na nossa pele e quer jogar tudo o que a gente tem, quer usar todas as nossas armas em cima daquilo pra tentar acabar logo, mas às vezes a gente também precisa entender que aquilo ali também faz parte de quem a gente é, da nossa história. Costumo dizer que quando temos acne somos como constelações, então assim: tudo faz parte da nossa história - a gente olha pra trás e consegue ver tudo o que a gente já percorreu, e é muito importante sabermos até onde a gente pode ir. Não existe pele perfeita, isso é uma invenção. O que existe é a nossa pele e onde a gente consegue chegar junto com ela amando ela, respeitando ela e fazendo o melhor pra ela dentro de seus limites."
Cobertíssima de razão. <3