Nunca parou para pensar nisso? Pois é. Esse anda sendo um questionamento constante na minha roda de amigos - virtuais ou não. Coisas que antes fazíamos por prazer e por necessidade de libertar nossa criatividade viraram uma obrigação. E com a obrigação, vem o cansaço. Descansar disso em meio a Instagram, algoritmo, shadowbans e diversos outros fatores que nos trazem frustração anda sendo muito difícil. Existe alguma forma de tirar um tempo desse sentimento de obrigação de estar sempre criando?
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Uma nova rede social surgiu recentemente, o Clubhouse. Nela, pessoas entram e criam salas para conversar, algo bem menos exposto que Instagram e Twitter. Por lá, podemos ver diversas salas. BBB, pautas raciais, conversas no horário do almoço. Entrei em várias, e sempre, sem exceção, em algum momento a conversa se voltava para o cansaço que as pessoas estão sentindo por conta da necessidade de estarem produzindo conteúdo dia após dia, e agradecendo ao Clubhouse por ser uma rede social que apresenta menos obrigações. De fato, todo mundo está muito cansado disso tudo.
Atualmente, profissionais precisam ser algo mais. Além da sua profissão central, precisam também ser criadores de conteúdo. Existe uma necessidade de conquistar público e se manter em dia com as métricas, sempre buscando o alcance perfeito e a performance adequada. Só assim essas pessoas são notadas na internet. Modelos precisam criar conteúdos sobre modelar, fotógrafos precisam criar Reels enquanto fotografam, padeiros precisam mostrar o processo do seu produto - e precisa ser de forma criativa e atraente, sempre no processo certo. Podemos dizer então que o trabalho dobrou. Por que será?
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O Instagram se tornou muito mais do que uma simples plataforma de compartilhar momentos. A sua intenção comercial é nítida, e pessoas estão podendo ganhar dinheiro com ele. Isso é bom, mas não significa que seja fácil. E isso é notório não só por conta de análises superficiais. Está comprovado: a necessidade de estar sempre criando está adoecendo pessoas.
Uma pesquisa feita pelo site Criadores iD entre setembro de 2017 e março de 2018 com 301 criadores de conteúdo do Brasil, concluiu que 16,9% dos entrevistados disseram sofrer de ansiedade, enquanto 4,3% relataram ter depressão.
Detalhe: essa pesquisa foi feita nos anos de 2017-2018. Durante a pandemia, o número de criadores de conteúdo no Brasil e no mundo deu um boom. Como se tratou - e ainda se trata - de um período extremamente delicado para a saúde mental de toda população, os números relacionados à mente dos criadores também aumentou.
“Com a pandemia, passamos a viver majoritariamente na internet. Era o nosso lugar de existir. Precisávamos criar e expor nossas vidas para podermos estar presentes e ser relevantes. Isso fez com que eu tivesse crises de ansiedade recorrentes. Voltei para a terapia, e a maioria das pautas que tínhamos era exatamente essa: estou muito cansada de ter que criar o tempo todo”
Juliana, criadora de conteúdo
Pois é. Existir na era da internet - e na era da exposição e criação excessiva - cansa muito. Essa cobrança toda muitas vezes vem de nós mesmos, para nos encaixarmos no padrão perfeito de profissional. Tem como descansar disso?
Entrando em diversas salas do Clubhouse e ouvindo os devaneios dos criadores cansados da situação de cobrança excessiva, sempre chegávamos à conclusão: slow content. Você sabe o que é isso?
Slow Content
Por definição, o slow content (ou conteúdo lento, em português) consiste em um processo de produção de conteúdo no qual a qualidade se sobrepõe ao tempo e à quantidade. Dessa forma, o objetivo dos criadores deixa de ser produzir mais para produzir melhor, de acordo com o seu ritmo e o do seu público.
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Os defensores desse movimento acreditam que para se criar um bom conteúdo é necessário, antes de tudo, respeitar o tempo do criador. A ideia é sair do “piloto automático”, seguir as regras de produção e SEO com menos rigor e criar com mais liberdade a fim de construir peças com identidade, verdade e propósito.
Sabendo disso tudo, temos uma certeza: é muito difícil não se importar com os números e rendimento nos dias atuais, pois isso configura prosperidade em nossas carreiras. Mas o que precisamos fazer é lembrar que, mesmo que os números não sejam tão altos quanto os pessoas que possuem um público grande, ainda assim esses números existem. E esses números não são apenas números: são pessoas. Pessoas que pararam pra consumir o que você criou, pessoas que admiram o que você faz. Essas mesmas pessoas estarão ali para te acompanhar, mesmo que você escolha dar uma desacelerada na produção, foque em outras coisas além da internet e ande no ritmo perfeito para sua vida.
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Para o cansaço de criar, dê um break para sua mente. Passe um dia sem fazer nada. Olhe para o céu. Faça uma rotina de skincare sem pressa. Coma algo gostoso. Durma. Quando você tiver descansado, vai entender que não existe nada melhor do que respeitar o seu próprio ritmo de criação de conteúdo. E lembre-se: criar numa frequência menor ainda assim é criar.
Você existe, e o seu trabalho importa.