Foto: Laura Peres/ Instagram @lauraomesmo
Não é preciso ir muito longe no feed do Instagram de Laura Peres para saber que a maquiadora gosta mesmo é de pele leve e viçosa, de beleza natural, de celebrar o que a gente tem. Conversar com ela, porém, é abrir os olhos para como a gente lida com nossas imperfeições e como a gente, ao longo da nossa vida, errando e acertando nessa relação com o skincare, vai construindo uma relação de total cumplicidade com a nossa pele.
Pelos faciais
A relação da Laura com a pele é ditada pela auto-aceitação e pela paciência, pelo estudo. "Quando eu era bem mais nova, bem na puberdade, eu tive um pouquinho só de acne. Lembro que para mim foi muito chocante, porque eu nunca achei que fosse ter. Aliada à acne, porém, veio o crescimento da pior coisa para quem quer ter uma pele bonita perante a nossa sociedade: pelos!", conta Laura. Ela faz questão de hoje em dia não depilá-los após perceber que, quando o fazia, ficava com a pele muito desigual e o aspecto muito pior. "Eu via a diferença da área que não tinha pelo e da que tinha, e era isso que me fazia achar que eu tinha uma pele muito feia".
Para Laura, muito mais do que a acne, os pelos foram o fator que mais abalou sua auto-estima, por não serem aceitos como algo bonito no rosto: "A acne passou rápido. Eu tenho leves marquinhas, mas hoje em dia eu as ignoro", conta Laura.
Foto: Laura Peres/ Instagram @lauraomesmo
Foi quando começou a trabalhar como maquiadora, porém, que a Laura começou a conhecer sua pele a fundo, indo bem além da maquiagem. Ao invés de apostar apenas numa boa base, ela descobriu que pele era também cuidado. "Era bem aquele pensamento de pancake, ou você tem a pele boa ou não tem". Começar a trabalhar com maquiagem, porém, obrigou Laura a compreender a importância do skincare. Assim, ela começou a estudar a fundo calmantes para a pele, hidratantes, reações, componentes...
Rosácea
Com esse olhar mais focado e aprofundado, Laura descobriu que tinha rosácea. Entretanto, segundo ela, a maioria dos cremes para esta condição de pele funcionam mais para controlar do que acalmar a pele. "Quem tem rosácea tem essa região da pele muito quente. Então comecei a usar um hidratante que me dá uma sensação geladinha, de extrato de pepino e algas verdes. Aliás, pepino acalma mesmo a rosácea", diz, completando que reaplica protetor solar religiosamente ao longo de todo o dia mantém a pele sempre muito bem hidratada. "Se você não hidratar, a rosácea suga toda a água da sua pele".
Laura levanta outro ponto interessante quando conversa sobre sua pele: quando não se tem dinheiro para seguir uma rotina de muitos cosméticos, o que fazer? No caso dela, além das tantas receitas naturais (babosa, flor de laranjeira...) que aprendeu com sua mãe, que morou no Rio São Francisco , conhecer sua própria pele foi o passo mais importante. "Comecei a me virar com o que eu tinha. Comecei a tentar entender minha pele, beber muita água. É meio uma lógica depois que você estuda os componentes, mas só de tocar a pele você sabe como ela vai reagir. O toque é muito importante, especialmente quando levamos em conta as várias etnias".
Foto: Laura Peres/ Instagram @lauraomesmo
É tocando a pele, ela afirma, que você detecta, por exemplo, se ela está desequilibrada, com uma parte ressecada, outra oleosa, e daí por diante. "Tem muita pele que você olha, joga água termal e jura que vai dar certo. Mas daí você passa uma base ótima nela e em quatro horas ela craquela inteira".
Errando, aprendendo e descobrindo
Erros, aliás, Laura já cometeu vários com a própria pele. Mas ao invés do desespero, ela esbanjava calma: "Já passei muita coisa achando que ia ficar bom e não ficou. E é legal também você ver sua pele não responder a um componente. Vira uma experiência. Depois, se você passar uma base e ela reagir de uma certa maneira, você vai falar 'Hmmm esse cosmético pode ter aquilo'. É um aprendizado empírico".
Hoje em dia, após ter passado pela inevitável fase de querer a pele super opaca, Laura faz questão de usar a pele hiper viçosa - o que, para ela, é uma espécie de celebração de sua pele naturalmente oleosa. "Quanto mais ela brilha, mais eu gosto", brinca.
Crie suas próprias referências
"As pessoas têm uma vertente, umas ondas do momento, como por exemplo a pele super opaca, meio Kim Kardashian, depois pele nada, beleza clean. Então há sempre uma pré-disposição. Eu sempre tive uma pré-disposição a usar menos maquiagem, porque minha mãe não gostava que eu usasse quando era nova. Ela falava que me deixava com o ar mais velho, e eu também acho. Então comecei me ver chegando perto dos 30 anos, entrando no mercado, e comecei a pensar que não era meu estilo a maquiagem pesadona. Foi aí que comecei a ir atrás de referências de pessoas que usam a maquiagem bem crua, bem nada", conta Laura, sobre como se apaixonou para valer por sua própria pele.
"Tem dia que incomoda, tem dia que não. É aquela velha aceitação feminina, todo dia um posicionamento que você tem que tomar perante as adversidades. Mas você tem que escolher: você vai viver com aquilo ou não?", decreta ela, que recentemente passou uma semana longe das redes sociais e só sentiu efeitos positivos. Quando retornou, Laura deixou de seguir uma série de contas de pessoas que, segundo ela, não lhe agregavam mais em nada em termos de beleza. "Eu, como maquiadora, lhe digo: ficar maquiando os defeitos não vai fazer com que eles sumam. E é isso que eu acho ruim: as pessoas só se sentirem bem com maquiagem".
Abaixo os padrões!
Embora Laura tenha um posicionamento em prol de uma beleza saudável e natural, ela não se exime de ver pressões estéticas sendo ditadas até neste meio. "Muitas que fazem parte do movimento da não-maquiagem podem até fingir que não usam, mas estão maquiadas sim, o tempo todo. E aí surge um novo padrão, de você ter que ser perfeita ao natural, então se você não é, desculpa. Mas há várias opções baratas e ótimas, naturais".
"O problema de tudo é quando se estabelece um padrão: por exemplo, o pelo só pode ali, então pronto. Se a gente quer tanto mostrar nossas características, porque não mostrar as ruins também? Todo mundo tem. Falhas e tudo, não é mesmo?", encerra. É sim!