O que você procura quando abre o Twitter? E quando vai descendo o feed do Instagram de forma infinita? Cansou desses apps, abre o TikTok, e o For You nunca acaba. Quando vê, lá se foram três horas consumindo um conteúdo que, claro, pode ter sido agregador. Mas uma coisa é fato: esse tempo não foi planejado. E isso precisa ser analisado de alguma forma.
De acordo com um estudo realizado em 2019 em uma parceria da Hoopsuite com a We Are Social, o Brasil é o segundo país do mundo que passa mais tempo conectado à internet - ficando atrás apenas das Filipinas. A pesquisa também mostrou a média de horas gastas online: nove horas e vinte nove minutos. Todos os dias.
+ Como os filtros do Instagram afetam nossa relação com a nossa pele?
Que nós vivemos na era digital todo mundo já está cansado de saber. Depois da pandemia, então? Pode-se dizer que entregamos o contrato do aluguel de nossas casas e nos mudamos para a internet. Longe de mim julgar alguém por conta disso, afinal, me insiro nesse grupo de pessoas - principalmente pelo fato de trabalhar na internet. Mas quando esse tempo deixa de ser saudável?
“No Brasil, 52% da população admitiu que não consegue ficar um dia sem mexer no celular”.
Fonte: IG
Quando tanto tempo online pode ser nocivo
"O prejuízo à saúde mental é resultado da má administração da quantidade e qualidade do conteúdo que consumimos na internet. Fazemos uso de redes sociais por exemplo, porque recebemos uma série de estímulos iniciais muito positivos, como o sentimento de inclusão e pertencimento social, que são importantes na construção da autoestima", analisa a psicóloga Dra. Virgínia Maria. "Geralmente o problema se dá na manutenção desses sentimentos, pois os pré-requisitos pra continuar recebendo esses estímulos positivos estão em constante mudança, por vezes tornando-se inalcançáveis, o que faz da busca por eles algo doloroso e quase obrigatório. Com o resultado negativo dessa busca vem a abstinência. Os estímulos positivos iniciais que a internet traz viciam o cérebro, e quando isso deixa de acontecer ou acontece com menos frequência, surge o sofrimento mental".
Dentro desse tempo que passamos online, a maioria é gasta em redes sociais. Isso porque mesmo que a gente tente sair delas, os próprios aplicativos criam estratégias para nos manter lá. Seja com ferramentas de feed infinito ou conteúdos patrocinados. Fica difícil tomar essa decisão de forma parcial, e tomá-la requer muita disciplina. Seria então um dilema sem fim?
+ O efeito filtro e os padrões de beleza das redes sociais
Falando em dilema, um bom conteúdo para ser consumido afim de refletir sobre isso é o documentário “O Dilema das Redes”, da Netflix (2020). O enredo trata de uma família norte-americana que se enxerga inserida diariamente em problemas e conflitos - diretos e indiretos - por conta do uso exacerbado do celular e das redes sociais. A conversa na hora do jantar não existe. Castigos e controle de tempo pelos pais em relação aos filhos são aplicados, mas quase sempre sem resultado positivo. Os filhos estão abstraídos da realidade, embargados nos likes, vídeos, fotos e comentários - positivos e negativos. O filho mais velho se vê cada vez mais afeiçoado por um movimento político duvidoso chamado “radicais de Centro”, e a filha mais jovem se vê em um conflito com sua imagem após receber um comentário negativo sobre sua aparência depois de postar uma selfie cheia de filtros e modificações.
Com esse documentário, podemos ver que passar muito tempo online - principalmente nas redes sociais - pode prejudicar não só o seu tempo e a sua rotina, mas também a sua saúde mental. Difícil se blindar de coisas ruins quando estamos online o tempo inteiro, não é? No entanto, não é impossível. Muitos dizem que a solução é apagar todas as suas redes sociais. Outros dizem que está tudo bem, já que essa é a realidade que estamos vivendo no século XXI. O que buscamos, porém, é o meio termo.
Administrando nosso tempo online
"É preciso observar o tempo investido no celular e os efeitos negativos disso na sua vida", sugere Dra. Virgínia. "A partir daí, é possível traçar novas metas pessoais ou se reaproximar das antigas que podem ter sido deixadas de lado, ocupar o dia a dia com atividades prazerosas que possam também trazer estímulos positivos para o cérebro e, dessa forma, passar a se conhecer melhor enquanto indivíduo que também funciona fora da internet".
+ Qual seria o antídoto para a gente parar de se comparar com os outros?
Primeiro você precisa entender quanto tempo passa online, como você usa esse tempo e se ele está te fazendo mal. Não podemos julgar como problema se, de fato, você precisa estar online. Se você busca esse equilíbrio, experimente parar um dia, pegar um caderno e analisar o seu perfil como usuário da internet. Depois, tente entender se você realmente precisa de gastar tanto tempo em cada tópico. Saber o seu tempo de uso do celular pode ser o primeiro passo para pegar mais leve.
+ Seu feed do Instagram reflete o que você quer ver?
Por fim, comece a olhar ao seu redor. Quais são as coisas que você está deixando de lado? O que você pode fazer que te demanda tempo e você está sempre procrastinando?
Existem coisas boas para serem vividas tanto online quanto offline. Buscar o equilíbrio entre elas pode ser a resposta. Que tal tentar?