#vivasuapele: Álvaro Bigaton e a cumplicidade com nossa pele acneica

#vivasuapele: Álvaro Bigaton e a cumplicidade com nossa pele acneica

Como lidar com crises de acne da sua pele sem se voltar contra ela? Álvaro Bigaton sabe como - e te ensina aqui, numa conversa deliciosa sobre skincare.

Ele é o nosso designer gráfico mas também uma fera macia: Álvaro Bigaton tem um relacionamento tão gostoso de acompanhar com o skincare e sua pele que é impossível a gente não sair de um bate-papo com ele sem sentir um pouco mais de carinho com a nossa própria pele também, seja essa pele acneica ou não.

Há um ano ele abriu o fera macia, sua conta de skincare no Instagram: "Quando eu comecei a me interessar ativamente pelo assunto, há quase dois anos, compreendi que, mais importante que a busca por resultados, estava o desenvolvimento de um relacionamento diário com a minha pele acneica; suas texturas, suas peculiaridades e tudo que ela comunica pra mim e para o mundo", ele conta. "O fera facia nasce de uma vontade de longa data de unir uma paixão por skincare a uma curiosidade eterna por trocas no ambiente digital."

Aqui, a gente abre espaço para estender essa conversa e nos inspirar.

O início da jornada de sua pele acneica

Como aconteceu com quase todos nós, que começamos a ter acne bem antes dessa febre do skincare e da proliferação de tanta informação, o Álvaro não teve como reflexo imediato às primeiras espinhas uma rotina de cuidados regrada. "Sou uma pessoa bem distraída - aquariano, né?", ele comenta, rindo. "Para mim foi um processo que fui desenvolvendo ao longo do tempo."

A acne chegou com força bem no meio da sua adolescência, trazendo consigo toda a insegurança que lhe é tão peculiar. "Eu já era super intimidado por toda aquela situação da escola, mas basicamente essa questão da pele acneica me trazia ainda mais insegurança. É que ela acaba contribuindo para isso num momento em que você está se formando como um indivíduo e talvez já não se identifica com a sua escola - aquele padrão hétero/cis, por exemplo. Se eu já sentia que não me encaixava antes, imagina depois com espinhas no rosto", lembra.

Álvaro começou a tratar sua pele acneica na época da faculdade (ele conta que antes nem protetor solar passava), com uma dermatologista em Campinas, mas não foi só a rotina certa que fez diferença. "Comecei a trabalhar essa minha insegurança, comecei a me entender melhor, a me sentir mais a vontade de entender minha identidade, de aparecer um pouco mais - foi só na faculdade que comecei a me sentir assim."

Pele acneica: uma nova abordagem

Com o tempo, sua pele foi reagindo bem. Ao seu redor, contribuindo para esse contexto, a indústria do skincare passava por uma verdadeira revolução na sua abordagem, que tratava o cuidado com a pele de uma forma menos distanciada, mais acessível: "Nos anos 2000, a comunicação no skincare girava em torno de resolver problemas, e isso causa uma frustração - 'passa isso que você não vai mais ter acne, porque ter acne é errado'. Acho que foi por isso inclusive que me afastei de marcas de farmácia. Fiquei com trauma depois de tantas vezes tentar resolver um problema da minha pele sozinho e depois vê-la manchada, esturricada. Na farmácia tem esse perigo, né? Você pode pegar o que quiser e passar no rosto."

Com seu relacionamento com skincare ficando mais afinado, Álvaro começou a expandir sua relação com a sua pele e como interagir com ela: "Comecei a ter curiosidade por novas texturas e novas maneiras de enxergar minha pele. Esse processo de estar no espelho, me enxergar, tocar minha pele e tudo mais...", conta. "Comecei também a treinar meu olho para observar com mais atenção coisas que aconteciam com a minha pele conforme ia fazendo alguns testes, como dormir bem, me alimentar bem, usar o produto certo no rosto."

Esse discurso mais acessível, de você realmente cuidar bem da sua pele e não só tratar problemas dela trouxe para Álvaro uma sensação de maior inclusão. "Entendi que podia fazer parte daquele lugar e não enlouquecer com as coisas que estavam sendo ditas em termos de publicidade."

Foto: Instagram @fera.macia

Mais é demais

Como aficcionado por skincare, Álvaro começou seu perfil no Instagram e se viu sugado por aquele tão conhecido vortex de experimentar muitos produtos ao mesmo tempo. "Até o momento em que criei o fera macia, em agosto, estava muito confiante na minha rotina, com produtos estabelecidos. Mas quando engatei o perfil comecei a testar muitos produtos diferentes, e em torno de novembro comecei a sentir que tantos testes começaram a trazer minha pele antiga de volta. Eu não prestava muita atenção no acabamento dos produtos, qual ia deixar minha pele mais oleosa, qual ia deixar minha pele mais seca, eu só queria testar aquela fórmula que prometia mil coisas. Foi quando comecei a perceber que minha pele não estava reagindo tão bem a essa série de coisas, e desenvolvi uma acne muito forte, comecei a ficar inseguro de novo... Como tenho um perfil de skincare e estou assim cheio de acne?"

Um tratamento certeiro em plena quarentena

O que aconteceu em seguida continuou contribuindo para sua #JornadaDaPele: já imaginou começar um tratamento logo antes dela começar, sentir efeitos positivos e ter que interrompê-lo por limitações externas?

"Olha, foi uma experiência", ele começa a contar.

"Em março comecei um tratamento, minha dermatologista me indicou uma nova rotina, mas quando começou a quarentena bateu o desespero: o que eu vou passar no meu rosto? Porque os produtos estavam acabando, e eu escolhi produtos manipulados. Conforme eles foram acabando, então, comecei a pensar que teria que me virar com o que eu tenho em casa, porque eu não posso sair comprando mais produto do que já tenho."

A certeza de que podia trabalhar com o que já tinha em casa deu certo. "Fui olhar e pesquisar o acabamento, a textura de cada hidratante, reparar os que deixavam minha pele mais oleosa e deixá-los de lado, pensando: 'Vamos olhar para esses que têm mais fórmula em gel'. O Hidratante Firmador da Sallve, aliás, virou minha rotina de hidratação, porque ele é super leve na pele, super tranquilo."

Essa mesma rotina de produtos que ele foi seguindo instintivamente, percebendo como sua pele ia reagindo, foi recebendo o aval de sua dermatologista. "Mostrava tudo para ela, e tentava tirar o máximo de informação a cada consulta", conta. "O lema principal dela quanto à minha rotina de pele era deixar minha pele o mais sequinha possível, não deixar aquele acabamento de 'cremão' demais, porque podia dar uma desequilibrada na minha pele. Afinal de contas, tinha que equilibrar tudo com os ácidos que estava usando."

Repassar toda a sua rotina de skincare com o que já tinha em casa lhe trouxe boas surpresas: até um óleo facial, que Álvaro nunca tinha pensado em usar antes, deu certo. "Funcionou muito bem na minha pele quando comecei a senti-la ressecada por conta do frio. Eu experimentei uma vez, deu certo, e aí fui adquirindo a confiança de deixar minha pele com acabamento sequinho mas não ressecado."

Sua dica para quem ama testar vários produtos ou ter uma rotina maior? Testar um produto de cada vez, para conseguir detectar exatamente o que está funcionando.

A palavra chave é equilíbrio

Com toda a sua experiência, Álvaro aprendeu que os produtos estão coexistindo na nossa pele. "Não importa se você tem dois, cinco ou dez produtos, eles estão todos lá agindo na sua pele. Então é interessante olhar para o que você já tem e entender como você pode equilibrar aquilo na sua pele. Às vezes você tem um hidratante com uma textura super pesada que parece que não vai rolar, mas será que você consegue finalizá-lo com um protetor solar um pouco mais seco e dar esse balanço no acabamento? O óleo facial deu muito certo na minha pele, por exemplo, usando-o em conjunto com um protetor solar que tem um pó que dá um acabamento super mate, específico para pele oleosa. O efeito de oleosidade na pele não ficava tão forte, parecia que o óleo tinha sido totalmente absorvido pela minha pele. É muito como você equilibra essa rotina."

O que eu aprendi com a acne

Terminando nossa conversa, levanto a pergunta: o que você aprendeu com a acne que mais te marcou? A acne tem lágrimas, tem insegurança, tem dor, desconforto, mas ela ensina muito também, impreterivelmente. Para Álvaro, o ensinamento foi sobre como enxergar a acne mesmo: "Hoje, quando tive essa experiência com acne de novo, tive que revisitar minhas impressões sobre acne e me lembrei de tudo o que uma amiga minha me falava na época da faculdade, sobre vermos nossa pele com positividade, e acho que a experiência mais marcante nesse sentido foi essa", conta.

"E tendo o fera macia eu também percebi que não estava falando só da minha pele. Quando escrevo um post não estou falando só da minha pele, estou usando minha pele como um vetor para falar sobre várias outras peles. Porque provavelmente há muitas outras pessoas que têm uma experiência parecida com a minha, que vão ter ainda, ou já tiveram."

"Para mim é uma responsabilidade entender que quando falo sobre minha pele, minha acne e meu tratamento, é importante que eu seja gentil comigo porque eu quero que as pessoas sejam gentis com elas mesmas no geral."

Álvaro Bigaton

"Eu quero que alguém leia aquele post e pense: 'Realmente, estou falando que minha pele está nojenta, mas na verdade ela só está com acne. Pode ser que ela passe ou não, mas preciso aprender a lidar com isso, a me olhar no espelho e entender meu momento, o que essa pele está me falando, o que eu posso fazer, o que eu preciso fazer por mim para poder conviver no dia-a-dia com essa coisa que eu não consigo controlar'. Para mim o importante foi isso: mudar minha perspectiva sobre acne para que eu conseguisse estar feliz no dia-a-dia, sair com meus amigos, trabalhar e não me sentir tão inseguro e observado o tempo todo."

Uma fera de pele macia. Amamos ou amamos?

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