Mito ou verdade: a pele negra precisa de menos cuidados?

Mito ou verdade: a pele negra precisa de menos cuidados?

Maior quantidade de melanina e maior produção de colágeno e elastina são características

Algumas pessoas por aí acreditam que a pele negra não precisa de fotoproteção, por ter mais melanina, ou então que não precisa de tantos cuidados, por envelhecer mais devagar. Mas as coisas não são exatamente como parecem. A pele negra pode ser mais oleosa, manchar com facilidade (já falamos sobre isso no blog!), pode ser mais suscetível a algumas condições e, portanto, é claro que precisa de cuidados para que esteja sempre saudável.

Crédito: Eloise Ambursley/Unsplash

Por isso, a Sallve conversou com a Dra. Katleen Conceição, especialista em pele negra, para entender melhor alguns cuidados e particularidades. Em geral, a pele negra tende a ser mais oleosa no rosto e mais seca no corpo. “As glândulas sebáceas existem em número igual à pele branca, mas são maiores na pele negra e produzem maior quantidade de sebo (Kligman, Shelley, 1958)”, aponta a especialista.  

Com isso, uma outra preocupação surge: a acne. “Há densidade maior de Propionibacterium acnes em mulheres negras em comparação às brancas e tem sido sugerida a existência de diferenças no tamanho e na atividade das glândulas sebáceas, com maior produção de sebo na pele negra. O dermatologista pode indicar desde tratamentos tópicos à base de substâncias como ácido salicílico, gluconolactona, ácido glicólico, como também lasers para auxiliar na melhora dessa oleosidade”, explica.

É interessante também o uso de sabonetes específicos para pele oleosa, além de usar loções secativas e filtro solar em sérum ou oil free. A dermatologista ainda afirma que manter uma alimentação saudável também ajuda na hora de evitar o excesso de oleosidade.

Crédito: Park Street/Unsplash

E quando se passa do rosto para o corpo, o assunto muda de figura. “A pele do corpo é mais ressecada, necessitando de hidratação durante e após o banho com substâncias umectantes”, aponta. A Dra. Katleen ainda indica que é ideal evitar substâncias a base de álcool para não piorar o ressecamento da pele corporal.

Filtro solar

Ao contrário do que muita gente pensa, apesar da alta quantidade de melanina (composto responsável pela pigmentação), a pele negra precisa, sim, de proteção solar, ok? Portanto, nada de pular esse passo na sua rotina de skincare.  

“A pele negra tem maior quantidade de melanina o que confere uma fotoproteção natural de 13.4, manchando com mais facilidade”, explica a especialista. A melanina tende a escurecer as regiões da pele que venham a sofrer qualquer agressão, como acne, queimaduras, por exemplo.

Crédito: Raw Pixel

“Oriento sempre a utilizar filtro de três em três horas, mesmo em dias nublados e chuvosos. Em gel, creme, sérum ou oil free. Em casos de pele negra com manchas, utilizo filtro com cor para maior proteção contra a luz visível”, explica.

Inclusive, aqui no blog já falamos um pouco sobre a busca pelo protetor solar dos sonhos para a pele negra.

Alô, colágeno!

Se tem uma coisa que é verdade, é que a pele negra de fato demora mais para apresentar os sinais do tempo e isso tem uma explicação. A maior produção de colágeno e elastina garante uma pele mais firme, elástica e com menos tendência a linhas de expressão, vincos profundos e flacidez.

“Demoramos a envelhecer! Por possuir maior quantidade de Fibroblastos (responsáveis pela produção de colágeno e elastina) e por serem mais hiperativos, tende a envelhecer mais lentamente. O colágeno e a elastina são proteínas estruturais que conferem tônus e elasticidade a pele e outras estruturas do corpo”, afirma a Dra.

Crédito: Pexels

Apesar disso, o uso de antioxidantes, como a Vitamina C, é bem bacana, pois combate a ação dos radicais livres, que degradam o colágeno, além de também deixaram a pele mais uniforme. O melhor é sempre conversar com o seu dermatologista para montar uma rotina de cuidados perfeita para seu tipo de pele!

Na pele negra é comum...

A Dra. Katleen ainda elencou algumas doenças e condições que aparecem com mais facilidade na pele negra, como por exemplo:

Foliculite: “O pelo é mais encaracolado, encarapinhado que encrava na epiderme”.

Dermatite atópica: “É mais comum em crianças de pele negra. Estudos mostram que crianças negras apresentam risco aproximadamente seis vezes maior do que as brancas de ter doença grave. Pois, o eritema na pele negra é pouco perceptível, o que pode ser um fator que contribui para isso.”

Crédito: Raw Pixel

Hiperpigmentação perioral: “É aspecto frequentemente observado em mulheres negras, cuja causa é desconhecida. Parece não ser sequela de inflamação. Caracteriza-se por pigmentação na pele adjacente aos ângulos da boca.”

Melanose da área malar: “Surge, geralmente, em indivíduos com mais de 50 anos e não tem predileção por sexo. Em mulheres jovens, parece relacionar-se à atopia. Caracteriza-se por manchas pigmentadas, um pouco mais escura que a pele normal, de distribuição simétrica.”

Hipomelanose macular progressiva: “A distribuição é mundial, sendo mais frequente nos países tropicais em negros, afetando, preferencialmente, mulheres jovens. Parece que o Propionibacterium acnes (P. acnes) produz um fator despigmentante, visto que essa bactéria pode ser cultivada a partir dos folículos nos pontos hipopigmentados, mas não na pele vizinha de aparência normal. Caracteriza-se por manchas hipopigmentadas confluentes, mal definidas, não descamativas, localizadas no tronco, em torno da linha média e, raramente, estendendo-se às extremidades proximais e às regiões da cabeça e do pescoço.”

Crédito: Park Street/Unsplash

Quelóide: “Quelóide desenvolve-se após injúria cutânea, sendo a sua incidência de três a 18 vezes maior na pele negra, em igual proporção entre os sexos dentro de uma mesma faixa etária, e a maioria na faixa etária entre os dez anos e 30 anos.”

Dermatose papulosa negra: “uma condição cutânea benigna, comum entre adultos negros. Caracteriza-se por múltiplas pápulas (espécie de caroço) pequenas, hiperpigmentadas, assintomáticas, localizadas na face, particularmente nas pálpebras e nas regiões malares.”

Pseudoacantose nigricante: “Comum entre indivíduos negros, tem a fricção como o papel etiológico mais importante. Associa-se, frequentemente, ao diabetes mellitus, à obesidade e à resistência à insulina.”

Por isso, não se esqueça: consultar um dermatologista é sempre a opção mais correta para manter a saúde da sua pele em dia! 😉

Tem alguma dica, dúvida ou sugestão? Fale com a Sallve. A gente adora trocar experiências!

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