O meu, o seu, o nosso relacionamento com nossa pele oleosa

O meu, o seu, o nosso relacionamento com nossa pele oleosa

Brasileiros tem mais medo de pele oleosa ou de boletos? Calma, gente: você nunca vai conseguir mudar seu tipo de pele! E lidar com sua pele oleosa, no final das contas, é sim mais um passo importante para a autoaceitação. Vamos nessa?

Foto: Sam Manns/ Unsplash

Ah, a pele oleosa, maior pavor de nós brasileiras. Por anos e anos trabalhando no Petiscos, a grande maioria das perguntas de nossas leitoras girava em torno de como driblar o clima úmido, a pele oleosa... Capaz de termos mais medo de pele oleosa do que de boletos.

Eu me lembro bem do início do meu relacionamento eterno com a maquiagem, em que eu usava uma base beeem opaca, e por cima dela um pó compacto que prometia controlar o brilho. E ao primeiro sinal de oleosidade da pele, lá ia eu, correndo para o banheiro para retocar a pele.

Depois veio a base ainda mais pesada e ainda mais opaca e, por cima dela, uma camada de base em pó matificante. Tudo que eu passava no rosto tinha que secaaar, para deixar a pele beeem limpa.

Mas alto lá: será que esse é o caminho certo de lidar com a pele oleosa? 

 

"As pessoas confundem a oleosidade natural da pele com pele suja", comenta nossa Julia Petit. "Sim, a sua pele pode estar produzindo muito óleo, mas isso não significa que ela está suja. É tão estranho, é quase como se as pessoas se sentissem sujas com a própria hidratação natural da sua pele".

Mas de onde vem isso? De anos e anos de uma cultura antiga de que cuidar da pele oleosa/com acne era simplesmente tirar toda a oleosidade que sua pele produzia e uma mentalidade de que é errado ter pele oleosa. 

Não, gente, não é errado. É simplesmente sua pele. "Você não vai nunca conseguir mudar seu tipo de pele. Ela vai ser sempre oleosa, ou mista, e daí por diante", continua Julia. "O que você precisa fazer é reequilibrá-la, para que o óleo seja produzido na quantidade certa para o seu tipo específico de pele, sem ressecá-la".

Tentar tirar toda a oleosidade da sua pele a qualquer custo, por uma sensação equivocada de que pele limpa é pele bem seca, tem efeitos colaterais bem ruins, como o tão falado efeito rebote (mais cravos! mais espinhas!). E, pior ainda, a sensibilização da sua pele.

"É uma tríade: precisamos fazer as pazes com uma pele hidratada de verdade, com a oleosidade da nossa própria pele e com o clima úmido do nosso país", aponta Julia. E é bem isso, né? A gente mora onde a gente mora, não tem jeito. Precisamos aceitar o clima e aprender a lidar com ele, não travar uma queda de braço. "É um problema de latitude e longitude!", brinca Julia.

Aqui na Sallve a gente fala tanto sobre aceitação, sobre a gente se enxergar de verdade, se conhecer, e em muitos pontos todos nós progredimos tanto. Mas talvez nosso relacionamento com a oleosidade da pele ainda denuncie que temos um caminho pela frente a trilhar: "É quase como não aceitar sua pele, não aceitar quem você é", finaliza Julia.

"Quanto mais ela brilha, mais eu gosto", já disse a maquiadora Laura Peres, sobre sua pele, aqui no nosso blog, encarando o visual tão viçoso que ela curte como uma celebração de sua pele naturalmente oleosa. A gente pode até querer controlar o brilho, mas te garanto: se você relaxar e aceitar, vai ser muito mais fácil lidar com a oleosidade da sua pele.

Então vamos mandar um shantay, you stay para ela, rever nossos conceitos do que é limpeza mesmo, do que é pele saudável, e de como a gente pode lidar com nossa oleosidade natural como aliada, jamais como inimiga? <3

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