É tão fácil a gente listar nossas inseguranças físicas, não é? Quadril largo quando você queria um quadril mais retinho. Seios volumosos quando tudo o que você queria era um peito pequeno. Nariz grande quando você queria mesmo era aquele botãozinho no meio do rosto. Queixo fino, bochechas rosadas, o cabelo cacheado quando o sonho era cabelo liso... Tudo isso, claro, também funciona em modo reverso.
As redes sociais podem ser as maiores causadoras deste nosso autojulgamento tão duro e implacável, graças a filtros e feeds tão perfeitamente editados que não são realistas nem para seus donos.
Por outro lado, tantas correntes positivas já surgiram daqueles quadradinhos e Stories no Instagram... Movimentos pelo fim da vergonha de cicatrizes de acne, pelo ponto final no estigma em torno de uma simples espinha... De anônimos a Rihanna, milhões de usuários já aderiram a discursos mais leves e inclusivos: "Deixe minha espinha brilhar, POR FAVOR", mandou a musa de todo o universo Riri, ao postar uma foto com a sua, sem qualquer retoque, e ouvir nos comentários: "Deixe-me espremer sua espinha!"
Lá no TikTok, um movimento bem incrível vem ganhando cada vez mais fôlego, transformando essa ideia de nos aceitarmos e nos enxergamos em algo ainda mais profundo, misturando amor próprio com aula de história.
Os vídeos, rapidinhos e com edição bem ágil, começam com alguém sinalizando o que menos gosta em sua aparência e em seguida, com uma montagem com imagens históricas ou de cultura pop, toda a insegurança se transforma em algo poderosíssimo, cuja origem pode ter séculos e séculos. E assim, o que era insegurança, vira orgulho máximo.
"Registre suas inseguranças de uma maneira bonita", é o lema da corrente, que já conta com milhares de adeptos na rede.
O resultado? O nariz grande, característica comum entre tantos judeus, vira motivo de orgulho máximo: "Em tempos de beleza convencional, lembre de quem te fez: os que não puderam estar aqui", escreve @zigwad, orgulhosa do seu nariz, e traçando seu traço mais distinto a tantas mulheres vítimas do holocausto.
"Às vezes me comparo aos outros, mas logo me lembro quem me fez tão linda", escreveu @whitehair, celebrando sua beleza navajo.
As bochechas rosadas, que @leencuisine teima em esconder com base de alta cobertura? São celebradas ao longo de toda a história da arte. E assim, o traço que incomodava a transforma em traço tão especial.
Sim, referências de beleza estão por todo canto. Tantas delas, convencionais, fazendo com que você não se encaixe. Que tal abrir a caixa e ir mais longe, olhando para si mesma, mas indo bem mais longe? Suas próprias raízes são referência absoluta e - por que não? - a arte pode ser sua referência fundamental.