Em um ano marcado por uma pandemia e longos (e intermináveis) períodos de quarentena, em qual grupo você se encaixou: o dos leitores ávidos, que usaram a literatura como a distração perfeita para o caos, ou dos que simplesmente não conseguiram se concentrar em uma boa leitura? Seja qual for seu time, nunca é tarde (ou demais) para se jogar em um bom livro.
Se você está em busca do que deve ser sua próxima leitura, chega mais: aqui o time Sallve te dá dicas dos livros que mais gostou de ler este ano. Tem de quadrinhos à política, passando por feminismo, autobiografias e clássicos infantis.
Cola aqui que a lista é boa, viu?
Por Camila Midori
"O livro é escrito por um neurologista que conta alguns casos de seus pacientes que possuem algum dano cerebral e como isso se reflete em seus comportamentos. Comecei a ler através de um texto sobre a temática 'síndrome do impostor', e o link feito foi dentro de um capítulo que abordava como o cérebro inventa a farsa, discutindo que em alguns casos essa sensação de 'impostor' não se limitava à baixa autoestima e outros fatores, mas também a fatores neurológicos - como em um dos relatos do livro em que o paciente incorpora o papel e se identifica com pessoas, situações e objetos ao seu redor. Por exemplo: ao vestir uma camisa branca, garante que é um médico ou dentista. Se encontra uma bancada com tesouras, dirá que é o cabeleireiro do local, tornando se, assim, um farsante, mas sem ter consciência disso".
Por Natália Costa
"Este é um livro com reflexões sobre o Covid-19 de um autor indígena brasileiro da tribo Krenak. É um livro que me fez pensar muito sobre como temos que repensar como estamos vivendo e nos relacionando com a natureza, o espaço que habitamos e como nos relacionamos entre nós enquanto humanidade. É um livro bem pequenininho, rápido, mas que me impactou demais."
Por Natália Costa
"Este é o livro que deu origem à série homônima da Amazon Prime. É uma compilação de histórias de amor (nas suas mais diferentes formas) da coluna de mesmo título do The New York Times. A leitura é bem fluida e leve - eu chorei, ri e me identifiquei com diversas pessoas. É um daqueles livrinhos mais bobos, mas nem tanto (não se engane!)!
Como trata-se de histórias diferentes, você pode ir lendo devagar e fora de ordem, porque não há ligação entre elas. Recomendo ler 'A corrida fica mais gostosa mais perto da última volta', 'Você talvez queira se casar com o meu marido' e 'Agora eu preciso de um lugar pra me esconder', mas separa aquela caixinha de lenços para ficar do seu lado!"
Por Larissa Nogueira
"A história de um triângulo amoroso que tinha tudo para ser clichê, não fosse a força do encontro da poesia com a prosa de Carla. 'Tudo é Rio' é líquido, fluido, e além, profundo. Com uma narrativa envolvente do início ao fim, como uma correnteza, é daqueles livros de se mergulhar em cada palavra".
Por Guilherme Dionísio
"Esse foi primeiro livro que li esse ano, e apesar do autor relatar a vida de uma forma poética, ele traz bastante realismo no sofrimento dos personagens. Com isso você consegue se conectar bastante com a história. Gosto muito dele porque no fundo está falando sobre a importância do amor, e como somos responsáveis pelos outros".
Por Carolina Merino
"Fiquei completamente viciada e envolvida nessa leitura - até deixei de lado alguns compromissos pessoais para que conseguisse ler. Eu realmente me conectei demais com a história. Desde as lembranças da infância, a relação de tanto amor pela família e seus dilemas pessoais, amei muito conhecer mais sobre o relacionamento dela com o presidente Obama e os desafios em ser uma mulher negra e primeira-dama dos Estados Unidos. O coração de Michelle Obama é enorme e ela nunca esqueceu suas raízes".
Por Carol Lopes
"Sempre que eu posso espalho as palavras desse livro: foi assim na minha newsletter, no podcast e até no meu perfil pessoal. 'O ano em que disse sim', é aquele livro que tem que ser lido e relido todo ano, até ficar com várias marquinhas. O que mais me encanta é que Shonda Rhimes, autora das minhas séries favoritas, tem uma capacidade incrível de passar informação de uma forma leve e divertida. Leia: o mínimo que vai acontecer é você dar boas risadas, além de terminar a leitura com um gás pra seguir que você nem sabia que tinha".
Por Marlon Rosa Ricardo
"Autor nacional, contemporâneo, tem protagonista gay, a capa é maravilhosa e a escrita é bem poética".
Por Armando Nader
"Eu queria indicar 'A Parte Que Falta', do Shel Silverstein, porque eu sou muito cadelinha da Jout Jout sim! Apesar do livro não preencher nem o tempo que você espera um pedido de comida chegar, como bom canceriano que sou, amo que esse livro e sua continuação, 'A Parte que Falta Encontra O Grande O'. Eles ensinam muito sobre relacionamento de uma maneira muito acessível e sensível. Um livro 'infantil' que já me fez chorar! Além disso, é ótimo pra quem não é tanto da leitura como eu, por ser muito rapidinho"!
Por Patrick
"É um livro de ficção científica super gostoso de ler, mega imersivo, e que em uma trama super leve nos permite refletir sobre IA, games, desigualdade, superpopulação, cultura pop... Dá pra brisar bastante nas questões que ele levanta".
Por Julia Rezende
"O livro narra a chegada de 'uma turminha do barulho que vai aprontar altas confusões' na Moscou de 1930: o diabo e seu séquito, que inclui um gato preto enorme que fala e pega ônibus sozinho. Em paralelo, acompanhamos a escrita de um romance sobre o momento da condenação de Jesus e a suposta loucura de seu autor. Essas narrativas se encontrarão em um grande baile (ou Noite de Valpúrgis) repleto de figuras históricas. Tudo para satirizar o regime soviético do Stalin, que impunha todo tipo de censura aos artistas da época. Indico por achar engraçadíssimo, pelo valor histórico e por ser porta de entrada pra diversos temas interessantes - a formação do cristianismo, o ateísmo imposto na era stalinista, o pacto faustico de Goethe -, e por ter servido de inspiração pra tantos outros - de Rolling Stones a JK Rolling (Voldemort? Xadrez vivo? estamos de olho)".
Por Matheus Amorim
"De uma forma bem resumida, o livro conta a jornada de um garoto em busca de um lar. Ao longo de seu percurso, ele encontra planetas e pessoas, onde cada contato é único. Num primeiro momento, esse livro pode parecer infantil. Entretanto, em seus simples capítulos, ele carrega grande densidade e profundidade, possibilitando diversas interpretações com base nas coisas que se vive no momento. Ao reler, você se depara com conceitos e significados que não estavam lá da primeira vez. É um livro magnifico e atemporal, pois encontrar em cada leitura, algo único, é sem duvidas sensacional".
Por Adriane Hagedorn
"O livro da autora que cunhou o termo 'mansplaining' é um bom início pra quem quer entender o feminismo. Ela abre com a história de um homem que a explicava sobre um livro genial sobre o fotógrafo Eadweard Muybridge e ignorava o fato de que ela o havia escrito - a sua amiga respondeu três ou quatro vezes que se tratava de um ensaio de Rebecca, até que ele desse ouvidos à sua fala. É uma história bem batida na vida de qualquer mulher: o homem que te explica um assunto que você domina.
Com uma linguagem muito acessível, Rebecca fala de violência, de política e da importância do reflexo do movimento nas causas LGBTQIA+ (um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo é inerentemente igualitário). É uma leitura tanto pra quem tem os dois pés fincados no feminismo quanto pra quem acha que é conversa fiada ou exagero. E nesse segundo caso, pode servir como uma porta de entrada para a reflexão".
Por Maria Carol
"Maus é uma história em quadrinhos na qual o filho relata como o pai sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. A história é muito comovente, ao ponto de o autor, depois da história pronta, resolver ilustrar os personagens com corpo de gente, mas cabeça de animais - para despersonificar um pouco e deixar a leitura mais fácil. Assim, os alemães são os gatos e os judeus/polonêses são os ratos".
Por Maria Carol
"O romance conta a história de um triângulo/quarteto amoroso no meio de um cenário político complexo e opressivo, retratando todas as sutilezas que essas relações amorosas podem ter. É muito lindo e sensível".
Por João
O título em inglês, traduzido ao pé da letra, é franqueza ou sinceridade extrema. 'Empatia Assertiva' é um péssimo título, que foi adaptado para a cultura brasileira. Ele fala sobre como é importante a cultura da sinceridade/franqueza no ambiente de trabalho, e explica como a falta de feedback honesto e no momento certo pode prejudicar não só a vida da empresa, mas também de quem recebe. O livro me ajudou muito a compreender melhor os feedbacks que meus colegas de trabalho me dão e me ajudou muito a melhorar os feedbacks que eu preciso dar".
Por João
"O livro fala sobre sexismo no ambiente de trabalho - algumas vezes de forma irônica e/ou sarcástica, mas é um livro que abriu minha mente e me deu vários tapas na cara sobre cultura machista".
Por Mariana Inbar
"A autobiografia de Prince, que infelizmente não foi finalizada por ele, que morreu em 2016, é basicamente um guia sobre tudo o que está acontecendo em 2020 quando se pensa no movimento Black Lives Matter e todas as discussões que ele levantou. Prince fala de finanças a racismo com a genialidade de quem sempre teve o dedo no pulso de tudo o que estava acontecendo no mundo. A primeira metade do livro é um relato detalhado e pulsando paixão de Dan Piepenbring, recrutado pelo próprio Prince para organizar todo o material de sua autobiografia. Sua descrição de seus encontros com Prince são capazes de te transportar para aquele momento e dão uma noção da genialidade do músico".