Lizzo é a musa de beleza que a gente precisava nesse fim de década

Lizzo está liderando uma revolução de auto conhecimento e amor próprio, sem discursinho barato de autoajuda ou ilusão. Coragem? Não: liberdade.

Não tem nada mais maravilhoso do que fechar uma década tendo no topo das paradas, dominando absolutamente todo o mundo pop e colecionando indicações a todos os prêmios de música uma mulher chamada Lizzo.

Num mês em que aqui na Sallve a gente anda falando sobre liberdade, Lizzo é a maior epítome desse conceito. Essa semana mesmo ela deu mais uma prova do quanto ser livre é a base de todo o seu DNA, quando apareceu num jogo de basquete nos Estados Unidos com um vestido camisetão preto com um recorte bem estratégico que deixava seu bumbum de fora e revelava sua calcinha fio dental.

Obviamente a internet não demorou em vociferar suas opiniões - muitas delas, claro, negativas. "Que absurdo! Que falta de vergonha!"
"Mas se fosse a Rihanna com uma roupa dessas assistindo um jogo de basquete vocês estavam achando lindo, né?", rebateu um usuário do Twitter. Na mosca. Será que o problema estava na "falta de vergonha" ou no fato de que Lizzo é gorda? (E negra?)

"Você não precisa ser como eu, você precisa ser como você, e nunca deixar ninguém te impedir ou te envergonhar de ser você mesmo", ela respondeu em um Live no Instagram. 

Lizzo

Depois, em uma entrevista a Gayle King na TV americana, ela mandou: "Você sabe quanto tempo demorei para amar esse corpo? Minha bunda era a parte que eu menos gostava em mim, e aprendi a amá-la".

Lizzo não é só uma verdadeira rainha do amor próprio e do empoderamento em suas letras de músicas (todas maravilhosas). Ela vive essa verdade em todos os aspectos da sua vida. Sua relação com maquiagem, com seus cabelos, com seu corpo, com sua beleza, são celebrados a cada novo clique que ela compartilha em seu Instagram.

Lizzo

Mas, como ela disse em entrevista a Gayle King, nada disso veio fácil. Lizzo faz questão de deixar claro, em todas as suas entrevistas, que esse processo de se amar incondicionalmente levou muito tempo (leva tempo, tá?). Ninguém acorda um dia, se olha no espelho e aprende a amar o que até a noite anterior não gostava. 

"Tipo, quando estou olhando para o meu corpo e estou acabando com cada partezinha dele, na verdade eu tenho é que olhar para tudo aquilo que estou criticando e preciso encontrar amor. E acho que é por isso que posso me chamar de gorda.

Eu posso me sentir saudável e ainda ser gorda. Eu posso ser linda e ser gorda. E acho que é porque aprendi a olhar minhas inseguranças na cara, dar nome a todas elas e me apaixonar por elas".

 

Eu tive que encarar cada camada da minha insegurança. Porque você não pode virar e de repente 'meu braço não é mais flácido e roliço". Isso é um delírio. Você tem que ser tipo, 'Isso não é mais feio para mim, nem errado para mim, é lindo para mim.
Um desses passos rumo ao amor próprio incondicional foi tirar o peso de algumas palavras, como gorda: "Eu sou gorda sim! Eu sou linda! Acho que é justamente porque aprendi a olhar minhas inseguranças olho no olho e me apaixonar por elas".
Lizzo
Virar uma década com uma geração inteira de mulheres repetindo hinos como "Good as Hell" e "Juice", vendo uma mulher negra, gorda, se amando, sendo super sexy (MUITO mais importante, se sentindo super sexy) e ensinando cada um a se amar também é uma revolução real de como começamos essa década, de como passamos boa parte dela: venerando o magro, celebrando o padrão hermeticamente fechado e limitado, mesmo que nem a gente se desse conta que estava fazendo isso.
Lizzo não está aqui para apagar as inseguranças de ninguém, nem para distribuir óculos cor-de-rosa para que todos se vejam como figuras perfeitas. Ela está aqui para que a gente veja a nossa verdade, e goste da gente como a gente é. Se vendo, o que é o mais importante.
Eu não estou tentando me vender para você. Eu estou tentando te vender para você.

Para muitos, Lizzo é corajosa. Que coragem colocar a bunda de fora. Que coragem exibir as celulites, que coragem posar nua!
"Quando as pessoas olham para o meu corpo e falam isso, eu respondo que não. Eu estou na boa, eu simplesmente sou eu, eu simplesmente sou sexy. Se você visse a Anne Hathaway de biquini num outdoor você não diria que ela é corajosa. Só acho que rola uma coisa de padrões diferentes quando se fala de mulheres".
Não é coragem. É amor próprio. É liberdade. Feliz 2020, gente. Feliz nova década. Que a gente aprenda a ser livre. 

 

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