A resiliência de Madam C.J. Walker

A resiliência de Madam C.J. Walker

Mais do que um roteiro de grande sucesso da Netflix, é a história real de uma mulher que transformou não só a sua vida como a de tantas outras pessoas.

Resiliência.
Está ai uma palavra que a gente solta no ar as vezes sem nem se dar conta da sua grandeza. Segundo o Dicionário Michaelis, resiliência é "a capacidade de rápida adaptação ou recuperação". Mas, quer um exemplo perfeito para se usar a palavra com propriedade? Assista a minissérie "A Vida e a História de Madam C. J. Walker".

Aqui não tem spolier não, pode ler sossegado até o fim (caso você não tenha visto os quatro episódios). O roteiro da minissérie foi baseado na biografia "On Her Own Ground: The Life and Times of Madam C.J. Walker" de A'Lelia Bundles. E a história traz velhos conhecidos das mulheres... o machismo, a violência doméstica e o desprezo pela voz feminina.

Mas essa história tem uma enorme reviravolta. E olha, ela pode servir pra gente dar um chacoalhão e ir atrás de o que sonha.

Seu nome era Sarah Breedlove (1867 - 1919), a quinta de seis filhos de um casal de escravos. O nome "Madam C.J. Walker" que entrou na história (e nos registros dos recordes Guinness) como a primeira mulher norte-americana que se tornou milionária do nada, fazia referência ao terceiro marido: Charles Joseph Walker.

Netflix

Charles, com quem foi casada entre 1906 - 1912, foi por um tempo o responsável pela publicidade de seus produtos. E Madam nos dá várias lições de como uma comunicação deve ser feita, de como um produto pode ser vendido sem prometer o que não pode te entregar.

Achou que derrubar o padrão de beleza era uma tema atual? Ha, que nada!
"Não vou dar falsas esperanças, não vou prometer cabelos sedosos ou aquilo que você escreveu", diz a personagem interpretada por Octavia Spencer em uma das cenas. Ela não queria uma imagem da "beleza perfeita", queria mostrar que ela era um modelo de como as mulheres poderiam se sentir. E não existe força maior do que essa.

St. Louis American

Seus discursos são uma enorme fonte de inspiração. Uma mulher, negra, que vivia com os cabelos escondidos sob lenços, que se descobre ao cuidar de seus fios. Que mostra que é mais forte do que o tão enraizado machismo, que mostra que cuidar de si não é futilidade e que mudou não só a sua vida, mas de milhares de outras mulheres.

"Os cabelos são liberdade ou escravidão, a escolha é sua".

Uma história a parte dentro dessa maravilhosa biografia é a de A'Lelia Walker?

Interpretada por Tiffany Haddish, a filha de Madam (que nos documentos se chamava Lelia McWilliams) nutria um grande amor pela arte, pela música e pela liberdade que encontrou em Nova York. Tanto que ficou conhecida como a deusa da alegria dos anos 1920 no Harlem. Seus saraus eram famosos e ela transformou um andar da sua casa em um salão cultural, o Dark Tower. (Ei, Netflix: que tal uma continuação com A'Leila?).

Netflix

A sua casa foi projetada por Vertner Tandy, o primeiro arquiteto negro de Nova York e sua Dark Tower teve a decoração de interior assinada pelo designer austríaco Paul Frankl, um grande nome do Art Deco.

As suas festas reuniam os principais artistas do Harlem ao som de jazz, blues e ragtime. Mas isso tudo pode ser assunto pra gente retomar quando a Netflix atender o nosso pedido, não é mesmo ;)

Savin Places ORG

Mais uma informação antes que você corra assistir a minissérie. A'Leila escolheu uma garota como modelo da marca, a filha de uma empregada da fábrica que vivia em condição precária. A adolescente, na época com 12 anos, Mae Walker, foi adotada por Madam Walker. E A'Lelia Bundles, a autora do livro que conta essa grande história, é a filha de Mae.

Chega de conversa. Vamos assistir a essa grande história?

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