Como muita gente que já me acompanhava no Petiscos sabe bem, sempre sofri com acne. Das crises severas durante toda a adolescência às temidas cicatrizes e uma textura sempre desagradável, meu relacionamento com a minha pele acneica já passou por várias etapas. Em todas elas, invariavelmente, eu estava à caça de produtos não-comedogênicos e sempre, sempre mesmo, com ácido salicílico, também conhecido como o salvador de todo o planeta se você tem acne. Demorou muito tempo para eu descobrir o ácido glicólico - mas vou chegar lá, calma.
O ácido salicílico é um santo remédio. E sim, se você tem pele acneica, ele é o primeiro ácido indicado para fazer parte da sua rotina, todo mundo sabe disso. Mas algo tão comum entre quem tem acne é sempre se preocupar muito mais em controlar espinhas e cravos do que qualquer outra coisa. Com isso, a textura da pele fica em segundo plano e, acredite, em alguma hora, ela vai te incomodar.
Foi o que aconteceu comigo: depois de tanto tempo numa batalha que parecia eterna contra espinhas e cravos, ambos deram um tempo, mas a textura seguia a mesma: áspera, desigual. Foi aí que entrou o ácido glicólico na minha rotina de cuidados com a pele - meio que por acaso, é verdade, quando comecei a usar dois produtos à base do ativo sem me ligar tanto em sua composição.
De repente, depois de algumas semanas, ao sentir minha pele muito mais macia e viçosa, me toquei: era o ácido glicólico que estava fazendo toda a diferença. Pela primeira vez na minha vida, minhas cicatrizes de acne ficaram mais suaves, algo que nunca achei que pudesse acontecer usando produtos em casa, sem um tratamento mais invasivo, como um peeling dermatológico.
Nesse caso de amor eterno instantâneo, fui conversar com a Dra. Carla Vidal sobre o ativo, e na mesma hora a dermatologista confirmou que meu relacionamento estável estava aprovado. "O ácido glicólico é ótimo para o tratamento das cicatrizes de acne e a aparência da pele, pois ele promove a renovação celular - o que, por sua vez, melhora sua textura e suas manchas", explicou a Dra. Carla, que indica o uso do ácido glicólico também em peelings.
A dermatologista, porém, adverte que o ácido glicólico pode ser bastante irritante, então quem tem pele sensível precisa tomar cuidado com as concentrações do ativo nos cosméticos: até 10% no máximo. "No consultório usamos até 70%, mas isso é em um peeling, com orientação médica. Começamos com doses menores e vamos espaçando, para que o paciente consiga usar o ácido". Sabe o que tanto falamos aqui na Sallve sobre inserir o Tônico Renovador gradualmente, para que sua pele consiga se adaptar aos ativos da fórmula? Então: é exatamente assim que Dra. Carla indica que os AHAs entrem na sua rotina de skincare.
Para a Dra. Carla, a associação de ácidos é outro fator é importante no cuidado da pele com acne. "Não gosto da monoterapia em se tratando de acne", ela conta. "Uma dessas associações indicadas é o ácido glicólico com o ácido salicílico, para melhorar as cicatrizes de acne. Tudo depende, porém, do tom da pele do paciente", explica. "Há uma série de ácidos que podemos usar em associação para tratar cicatrizes de acne, com resultado visível em menos tempo, quando optamos por cosméticos com vários ativos".
Sobre o ácido glicólico, a Dra. Carla Vidal aponta ainda o rejuvenescimento da pele como um de seus efeitos positivos. "Mesmo em doses terapêuticas, em casa, o paciente vai sentir essa diferença", afirma.
No meu caso, a associação do ácido glicólico com o ácido salicílico mudou minha vida. A forma como cuido da minha pele, como me maquio, como me olho no espelho, tudo mudou. E posso apontar sem qualquer hesitação que a primeira vez que vi minha pele perfeita foi por consequência do uso do ácido glicólico na minha rotina de cuidados com a pele. Minha pele ficou mais viçosa, sua textura ficou macia, seu tom uniforme, e a quantidade de cravos e espinha diminuiu drasticamente.
Inserir o ácido glicólico na minha pele me fez enxergá-la em sua totalidade, de forma muito mais ampla, e renovou completamente meu relacionamento com ela: deixamos de ser inimigas e passamos a ser melhores amigas mesmo, sem neuras nem traumas. E olha: é libertador.