Muito se falou em alimentação desde que entramos na quarentena, há cerca de seis meses. Do que nos faz bem ao corpo a o que nos faz bem à alma (ah, santa comida afetiva).
E um estudo conduzido pela USP demonstra que nesse período a mesa do brasileiro passou a ter mais diversidade de frutas, hortaliças e vegetais. Ou seja, a nossa alimentação está melhorando e o resultado disso - além da nossa pele que agradece - é um corpo mais saudável.
O Estudo NutriNet é executado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), conta com a participação de pesquisadores de várias unidades da USP (Saúde Pública, Medicina, Instituto do Coração – InCor), das universidades Unifesp, UFMG, UFRGS, UFPel, Fiocruz (Rio de Janeiro e Bahia) e Instituto Nacional do Câncer – Inca. Você pode participar através desse link.
O valor da comida caseira
Em uma rotina frenética em que saímos cedo de casa e voltamos tarde, falta tempo e vontade de preparar uma comidinha caseira - aquela mesma que num momento como a pandemia nos acalentou como um abraço.
Mas com a reorganização do nosso tempo, com a possibilidade para alguns, de trabalhar sem sair de casa, voltamos a testar receitas, a tomar o café da manhã com calma (e não encostado no balcão da padaria), a deixar pronto o almoço (sem sentir saudades do lanche rápido no trabalho) e a se virar pro jantar. A quarentena nos deu a oportunidade de mudar hábitos, de comer melhor, em casa.
“As novas configurações causadas pela pandemia na rotina das pessoas podem tê-las estimulado a cozinhar mais e a consumir mais refeições dentro de casa. Além disso, uma eventual preocupação em melhorar a alimentação e, consequentemente, as defesas imunológicas do organismo, podem ser consideradas”, ponderou o coordenador do estudo, o professor Carlos Monteiro.
Mais cores à mesa
As primeiras análises do estudo demonstram um crescimento do consumo diário de frutas, hortaliças e feijão de 40,2% para 44,6% neste período de quarentena. O estudo, que iniciou em janeiro de 2020 (baseado no modelo francês NutriNet-Santé) tem como objetivo investigar a alimentação de 200.000 brasileiros de todas as regiões do país por dez anos.
Uma realidade para todos? Não
Enquanto se vê a evolução positiva na alimentação em parte do país, a realidade é que entre as pessoas de escolaridade mais baixa, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, houve um aumento de alimentos ultraprocessados - ou seja, tudo o que já vem pronto para o consumo. Porém, essa comodidade que a indústria nos entrega de bandeja, favorece o aparecimento de doenças crônicas e de condições como obesidade, diabetes e hipertensão.
“Uma das razões pelas quais o consumo de alimentos ultraprocessados piora as defesas do organismo é que eles são pobres em vitaminas e minerais, nutrientes essenciais para a resposta imunológica. Já foi demonstrado, em pesquisa realizada no Brasil, que indivíduos que consomem mais ultraprocessados têm um consumo menor desses nutrientes”, explica a pesquisadora do Estudo NutriNet Brasil, Kamila Gabe.
Nos conte: como anda a tua alimentação? Você tem conseguido prepara-la em casa dando prioridade aos ingredientes in natura?