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Quem tem medo de astrologia?

Gosta de astrologia mas morre de medo de inferno astral? Protege o celular no Mercúrio retrógrado? Então cola aqui que Leonardo Lemos vai desmistificar tudo isso pra gente

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Muita gente adora astrologia. Sabe tudo de signo. Pode jogar o ascendente que ela sabe a análise de cabeça. Não perde um horóscopo da Susan Miller. Mas basta surgir um Mercúrio retrógrado no horizonte - quer dizer, no céu - que já bate o pavor. O cuidado triplica com os eletrônicos. O celular ganha cobertura protetora extra no vidro frontal. Mas é pra isso tudo? Precisa ter medo de astrologia?

Não, né? Muito desse medo que a gente tem de momentos da astrologia como inferno astral, por exemplo, é exagerado - e, como você vai descobrir aqui, completamente infundado: "Não tem nada a ver. Isso é uma falácia", afirma o astrólogo e professor de astrologia Leonardo Lemos.

Aqui, o astrólogo tem a importantíssima tarefa de desmistificar cinco terrores dos seguidores da astrologia, para todo mundo entrar o ano novo abraçando os astros. Respira fundo, relaxa e vem: sem medo!

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Mercúrio retrógrado

Nem precisa ser tão ligado assim em astrologia para já ter ouvido falar em Mercúrio retrógrado. Geralmente, quando escutamos sobre o fenômeno, ele vem como justificativa para qualquer coisa que possa ter quebrado na sua casa: "Meu computador pifou, é Mercúrio retrógrado!"

Mas será que é pra tanto? Não.

"Primeiro é importante esclarecer que esse movimento de andar para trás não existe. Ele é uma ilusão de óptica à partir da perspectiva da Terra", explica Leonardo. "O que acontece é que se a gente pudesse vê-lo, Mercúrio se esconderia atrás do Sol e apareceria atrás da gente. É como se ele estivesse na nossa frente, graus adiante, e de repente ele aparece depois".

Mas o que quer dizer Mercúrio retrógrado na simbologia astrológica? Leonardo explica que o fenômeno é bastante comum, ocorrendo a cada quatro meses (uma média de três vezes ao ano). "Mercúrio é o planeta que simboliza a comunicação, informação e todas as ferramentas que estão relacionadas não só a isso mas também aos negócios, contratos, acordos, conversas. Então, na verdade, quando Mercúrio está retrógrado, ele propõe uma revisão daquilo que está mal feito", esclarece o astrólogo.

"Isoladamente, o planeta retrógrado sempre vai pedir uma revisão do assunto que ele simboliza."

Leonardo Lemos

Levando em conta esse entendimento, pense que Mercúrio vai chamar nossa atenção para algo que está faltando. Algo que foi mal feito, algo que precisa de reparo ou revisão, por exemplo: "Costumo dizer que o Mercúrio retrógrado não simboliza um problema, e sim a oportunidade que você tem de corrigir o problema. É que em termos de andamento, de fluxo, ele atrasa, puxa um pouco pra trás mesmo. É como se você precisasse rever um rascunho para entregar um trabalho a limpo".

O astrólogo segue explicando que o período de Mercúrio retrógrado pode ser uma oportunidade de ouro para fazermos revisões - sejam elas de texto, contratos, coisas escritas em geral ou aspectos da comunicação.

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Em 2022, nós teremos quatro fases de Mercúrio retrógrado: de 14/01 a 04/02, depois de 10/05 a 03/06, de 10/09 a 02/10 e de 29/12 a 18/01 de 2023.

"Normalmente Mercúrio fica retrógrado entre 19 e 25 dias. O importante é a gente ficar atento não só aos dias em que ele fica retrógrado mas aos dias anteriores a esse movimento", ensina Leonardo. "Uns dez dias antes desse movimento, é bom ficarmos ligados, porque se houver qualquer coisa feita de forma errada, é nesses dias que Mercúrio vai retornar o processo para que ele seja corrigido e você dar sequência ao que estava fazendo".

Vênus retrógrado

Não é só Mercúrio que tem fama (infundada, já aprendemos, né?) de trazer o caos para as nossas vidas na astrologia. Vênus, em seu movimento retrógrado, também traz um certo medinho aos seguidores da astrologia, com reputação de ser um período "ruim para relacionamentos". Mas e aí, confere?

Como Leonardo já explicou, todo planeta chama o seu assunto para uma revisão: "No caso de Vênus, a revisão é na parte afetiva, no prazer, nos sentimentos. Vênus também rege os contratos ligados à sociedades e casamentos", ele explica. "Então, na verdade, não é um planeta simbolizando um problema, mas é um problema que encontra um momento no céu para ser resolvido. Casais passam por uma revisão, ou situações ligadas a prazeres, festas, comemorações e toda essa parte mais de lazer, de entretenimento e do social passam por um momento de revisão", continua.

Leonardo exemplifica como aplica esse entendimento na vida prática: "Nós não costumamos indicar que se faça eventos sociais nesse período - principalmente se eles têm a ver com o público feminino, com a moda ou com contratos importantes, já que é aí que, se houver algum problema em algum contrato, o céu marca: essa é uma etapa importante para rever um contrato". Então anota aí, para não esquecer, como um mantra: Retrógrado é sempre revisão.

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Vênus é um planeta que fica retrógrado com menos frequência - a cada 19 meses, explica Leonardo. O próximo período é agora de 19/12 e vai até 29/01 de 2022.

Retorno de Saturno

O retorno de Saturno é diretamente ligado à tão falada "crise dos 30". Para os mais pops, esse é o nome de um álbum do No Doubt, e não à toa! "Return of Saturn", lançado em 2000, foi todo escrito justamente no período do retorno de Saturno da Gwen Stefani - e isso explica as várias letras tão pessoais que falam sobre, entre outros, a ideia de ter um filho, querer se casar e daí por diante. Na época, ela chegou a contar em uma de suas entrevistas que foi seu então namorado, Gavin Rossdale, que sinalizou, ao ver a cantora obcecada por depressão e Sylvia Plath: "Você está no seu retorno de Saturno".

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Mas é crise? É caos? Não, calma.

"Saturno é um planeta que vai simbolizar as estruturas, as realizações, todo o processo de nos organizarmos na vida, de construirmos alguma coisa. Saturno tem um foco muito voltado para o lado profissional, e pelo reconhecimento social, ou seja, o que nós fizemos ou estamos fazendo da nossa vida".

Leonardo Lemos

Isso entendido, Leonardo explica o que é o tal retorno de Saturno no céu:

"Nós nascemos com Saturno num grau determinado, em um determinado signo do mapa. E ele só vai voltar para aquele grau/ signo 29 anos depois. Às vezes 29 anos e meio, às vezes 28 anos e meio, mas a média que a gente costuma contar é 29 anos. Costumo dizer que do nascimento até os 29 anos, nós temos a nossa formação. É quando nós vamos desenvolver o nosso corpo, a nossa estrutura física, quando nós vamos receber a nossa educação, vamos ter nossas primeiras impressões muito ligadas ao social, ao que nós devemos fazer, qual é o nosso papel, como somos vistos socialmente... É também quando vamos lidar com todo o preparo para as nossas realizações. O que acontece aos 29 anos, com o retorno de saturno, é que todo mundo passa por uma etapa de reflexões e revisões muito importantes. Só que aqui estamos falando de uma revisão maior, diferente do planeta retrógrado. A revisão aí é da biografia - o que eu fiz, quem eu sou, o que eu quero, o que eu realizei até aqui, e quais são os compromissos que eu quero estabelecer com a minha própria vida - ou seja, como eu quero ser reconhecido daqui por diante".

Esse segundo ciclo, que chega em torno dos 29 anos, explica Leonardo, serve para realizarmos conquistas importantes - seja um cargo, um emprego, um relacionamento, ter filhos, mudar de vida e daí por diante: "Ele pode servir também para fazermos aquela auditoria, aquela reavaliação na vida".

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A etapa da segunda volta de Saturno, que acontece dos 29 aos 58 anos, segue o astrólogo, é a que ele chama de construção: "É a etapa que nós temos para realmente construir a nossa vida. Para a astrologia, essa é a maioridade, quando nós realmente estamos na vida adulta. Todas as realizações, todos os nossos feitos, são realizados aí".

A etapa seguinte, que começa aos 58 anos, é a da libertação: É quando nós já relaizamos, ja cumprimos o nosso papel, e a partir dali alcançamos uma nova etapa, um novo patamar de autoridade, de papel social, e de responsabilidades, muitas vezes nos livrando de pesos e responsabilidades e prontos para uma jornada, um novo caminho, uma nova rotina".

Inferno astral

Esse to-do mundo conhece. O apavorante inferno astral, que vem a ser aquele período de um mês antes do seu aniversário em que sua vida fica... Bem, um inferno. Mas alto lá: inferno astral não existe!

"Infelizmente não se tem notícia de como começou essa história, mas não existe inferno astral. Isso é uma grande falácia que atribuem à astrologia. A ideia de um inferno astral ou de um período de 30 ou 40 dias antes do aniversário que é negativo é uma grande bobagem que deve ser combatida", enfatiza Leonardo.

O inferno astral é a deturpação de um outro conceito, que tem a ver com a casa 12 - a última do mapa. A primeira casa é a número 1, é o nosso ascendente. A casa 12 é aquele signo antes do nosso ascendente. Ali sim a gente pode ter aspectos, trânsitos, previsões que nos chamam para um recolhimento, para um retiro, e não necessariamente é antes do aniversário. Portanto não, não tem inferno astral.

Leonardo Lemos

O astrólogo desenha o que ele mesmo define como "óbvio": "Quando estamos prestes a fazer aniversário, naturalmente fazemos uma reflexão de tudo aquilo que realizamos ou não. Se a saúde está boa, se as coisas estão do nosso agrado. É muito comum, nesse período, uma reflexão que para algumas pessoas leva à melancolia, a um cansaço. Elas podem ficar às vezes insatisfeitas, exasperadas com tudo o que está acontecendo em suas vidas, e acabam atribuindo isso à etapa anterior ao aniversário", pondera Leonardo. Ele sublinha, porém, que o problema não é o céu, somos nós mesmos - como acontece tanto, né? Ele cita uma questão de bioritmo aqui: "Sempre que estamos prestes a concluir mais um ano de vida, é normal que a energia tenha uma queda para justamente proporcionar ou sugerir um descanso, como se fosse um reabastecimento para a gente voltar com corda total, com força total a partir do aniversário. Algumas técnicas indicam que a gente faça um período de mais descanso, de um retiro, ali antes do aniversário. Mas não necessariamente, se não fizermos, vai dar tudo errado. Pelo amor de Deus, não tem nada a ver".

Eclipse

Converse com qualquer pessoa que segue astrologia e veja a tensão surgir quando surge, ao mesmo tempo, um eclipse no radar. Leonardo conta que eclipses são sempre fenômenos marcantes e importantes em termos de previsões astrológicas e etapas para a humanidade, e não é de hoje: "Os eclipses são estudados ou valorizados desde a Babilônia, onde inclusive estudava-se ciclos de eclipses que se repetem. Na Grécia, posteriormente, eles repararam que a cada 19 anos a gente vive um eclipse no mesmo ponto do mapa".

Um eclipse é, basicamente, um encontro do Sol com a Lua - nova (eclipse solar) ou cheia (eclipse lunar): "A diferença é que ele se dá ali na linha da eclíptica. Ou seja, quando eles estão ali bem alinhados com o Equador Celeste e bem alinhados no zodíaco. Ambos estão numa mesma declinação, Sol e Lua", explica o astrólogo. Eclipses, no entanto, são um fenômeno comum, que podem acontecer de três até seis vezes ao ano.

Falando do ponto de vista astrológico, eclipses são fases importantes para vermos um assunto de outra maneira: "Eclipses revelam coisas que não conhecemos - é um jogo de luz e sombra no céu. É como se eu alterasse uma luz a respeito de um assunto, passando a ver alguns detalhes que não via antes. Ou eu decido retomar algum assunto que ficou inacabado ou decido mudar algumas situações", esclarece.

"Eclipses sempre vão ocorrer em algum lugar do nosso mapa, e se naquele lugar a gente já tiver pontos importantes, realmente a pessoa vai ficar mais sensível à influência, digamos assim, de um eclipse, que é sempre algo importante".

Leonardo Lemos

"Eclipses sempre vão proporcionar uma época de um acontecimento ou decisão importante, uma reavaliação de situações e um inicio de projetos ou mudanças que vêm por aí. Vale lembrar, aqui, que o eclipse não é só sentido na data dele. Ele pode começar a ser sentido duas semanas antes e vai ter ativações posteriores - sete ou 14 dias depois e novamente três meses depois. É como se aquele ponto ficasse sensível, e para cada um isso será ativado de uma maneira diferente", segue explicando Leonardo. "Mas sim, é algo muito importante ao qual os astrólogos sempre dão um valor especial".

Lua cheia em áries

Áries gera pânico, no geral? Bom, basta levar em conta sua alcunha/meme nas redes sociais - quem aí já ouviu falar nos satanáries? Agora imagina Lua cheia em satanáries áries? Há quem jure de pés juntos que quando a Lua cheia acontece em áries os ânimos ficam exaltados, e o período fica propenso a explosões (internas e externas), além de cortes, acidentes ou brigas. Mas Leonardo Lemos rebate: não há nada especial na Lua cheia em áries.

Aqui, ele explica o que é uma Lua nova e uma Lua cheia:

"Para a astrologia, o mês não começa no dia primeiro, mas a cada Lua nova. E cada mês, por sua vez, vai sugerir o desenvolvimento ou uma manifestação de uma qualidade zodiacal. Signos são qualidades idealmente boas, signos trazem qualidades. Então a cada mês, a cada Lua nova, temos uma proposta da natureza para o coletivo - mesmo por que o que dá essas marcas de tendências, para o coletivo, são aspectos de planetas. O signo fica lá parado, tadinho, representando uma qualidade. Essas qualidades começam numa Lua nova, e nas Luas cheias elas atingem um clímax, um ponto mais alto, uma saturação. Então é aquilo: você começa uma viagem na Lua nova e a Lua cheia representa o ponto mais alto dessa viagem - mas o mais importante é sempre o início dessa viagem.

Agora vamos lá, vem chegando, áries:

"Áries vai representar um princípio que tem aver com impulso, autonomia, independência e ação. Então uma Lua nova em áries é geralmente um momento de início. Uma Lua cheia em áries - que acontece normalmente entre setembro e outubro - é uma época em que vamos ter que trabalhar dois princípios, já que a lua cheia sempre pega um par de signos. A Lua cheia em áries pede para você adequar o princípio da ação ao partilha, que é libra. Ou seja eu quero agir, eu preciso agir, mas eu tenho que compartilhar, fazer acordos", esclarece Leonardo. "Não existe Lua Cheia melhor ou pior baseada em signo. Na verdade, isso é baseado em aspecto".

"Qualquer lua cheia é um clímax, um auge, uma saturação de algo. E qualquer mês astrológico começa sempre na Lua nova, trazendo um princípio de um signo que vai ser importante para a natureza ou coletivo trabalhar naquela época.".

Leonardo Lemos

Leonardo termina com uma curiosidade sobre a Lua Cheia no mês de áries: é ela que começa a contar o período da Páscoa e de outros calendários religiosos. "No período de áries, entre março e abril, quando temos a Lua cheia - ou seja, quando o Sol está em áries e a Lua está em libra (que é o signo oposto), marcamos o primeiro domingo depois da Lua cheia, e esse domingo vai ser o domingo da Páscoa. A partir daí a gente calcula o carnaval 40 dias antes".

A conclusão? Não precisa ter medo da astrologia. Nem de retorno de Saturno, Mercúrio retrógrado e outros pavores que ganharam tração com as redes sociais. Os astros estão aí para propor reflexões, revisões, e ensinamentos. E para mergulhar ainda mais no assunto, siga Leonardo Lemos no Instagram, acompanhe suas matérias no Personare ou fique por dentro de suas aulas e palestras.

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