Como regar plantas em casa? Aqui tem dicas para você não errar

Nossa série sobre plantas em apartamento continua, e hoje você vai aprender tudo sobre regas: como fazer, quando, e truques simples para não esquecer mais.

Foto: Lincon Catto (@el.catto)

 

Tá: você finalmente decidiu que vai começar a criar plantas em seu apartamento. Já leu todas as dicas do primeiro post da nossa série sobre tudo o que levar em conta antes de comprar seu primeiro vaso e como não se tornar um assassino de planta em série. Seu espaço, sua rotina, sua ligação com a planta, tá tudo afinadinho.

A pergunta seguinte, de maneira curta é grossa, é a de sempre: como é que eu mantenho minha planta viva? Na verdade, vamos abrir essa mente e pensar melhor: como vou ajudá-la a crescer e ficar bem linda... E viva? São alguns fatores importantes que você precisa saber para arrasar na manutenção da sua planta, sendo o mais primordial deles a água.

Regar plantas em casa: começando pela água

Foto: Lincon Catto (@el.catto)

 

Lincon Catto, o designer e jardineiro que vem nos ajudando a desvendar todo esse território sofrido que é aprender a ter planta em apartamento já começa o papo com uma dica: é muito importante você saber o nome da espécie que você está comprando e pesquisar sobre ela. "Outra coisa importante é levar em conta que a sua missão agora é reproduzir dentro do seu apartamento tudo que essa planta receberia em seu habitat natural" ensina.

O primeiro passo para regar plantas em casa

Chegou em casa com a sua planta? Lincon tem um truque: "Tire o vaso da planta de onde ela está (um cachepot, por exemplo) e coloque-o na pia. Em seguida, encha de água aquele recipiente e deixe escorrer por baixo. Depois disso, coloque-a de volta no cachepot (ou no pratinho, se tiver só o vaso) em que você quiser e pronto: "Você pode até molhar sua planta direto no cachepot, mas não pode deixar acumular água".

Um parêntese: a diferença entre vaso e cachepot e por que é essencial sabé-la

É bem simples: vaso é o que tem furos por baixo e drena a água (quando você compra uma planta, aliás, seu vaso já vem os furos necessários para esta função, pensando especificamente naquela espécie). Cachepot é onde você coloca o vaso da sua planta, e não tem furos no fundo, ou seja: não faz drenagem da água. Plantar diretamente no cachepot é uma péssima ideia: sem drenagem, a água empoça, apodrece a raiz da planta e acaba, em muitos casos, matando-a em questão de dois ou três dias.

Sobre as regas

Lincon ensina outro deslize quando se fala de água e plantas: a rega irregular. "A água tem que entrar e molhar ao redor da planta. Muita gente pega um copo e joga em cima da planta, criando um buraco. Mas pensa num vaso grande, que você molha só de um lado. A raiz da planta é como se fossem nossas veias: têm plantas cujas raizes são mais grossas, outras mais finas", explica. "Você deve molhar todo o espaço do vaso, todas as partes em cima, deve deixar tudo bem úmido, e deixar a água escorrer".

O truque da hidratação potencializada

Lincon conta mais um truque bom para dar aquela hidratada poderosa nas suas plantas, e que serve também para quando você precisou viajar e esqueceu da rega: levar todas para o chuveiro. Isso mesmo!

"É bacana fazer isso uma vez por mês, ou até a cada 15 dias, porque você dá uma mega hidratada - especialmente numa época quente. Se a planta fica tomando sol direto vai desidratar mais rápido. Por isso a gente precisa ficar atento a isso, e nesse caso essa hiper hidratada ajuda. Já salvei plantas minhas que ficaram 25 dias sem rega. Você leva para o chuveiro, deixa ela dez minutinhos ali embaixo, na água fria e fraquinha, como se fosse uma chuva leve. Depois é só deixá-la meia-horinha ali para que ela pare de pingar e pronto", ensina.

A periodicidade das regas

Ele alerta, porém, para a importância da periodicidade: não adianta molhar sua planta um dia, depois passar duas semanas sem molhar e, para compensar, encharcar sua terra: "Isso só vai estressar a raiz da planta. É como a nossa pele, sabe? Se você não hidratá-la regularmente, não beber água, ela vai desidratar. Você deve manter a hidratação - não exceder, também não deixar secar.

Adaptando a rega

Foto: Lincon Catto (@el.catto)

 

São muitos fatores que influem em como você vai regar sua planta. Essa rega, aliás, não vai ser imutável. É aqui que entra aquela questão que a gente já conversou, sobre a nossa sensibilidade e o nosso poder de observação: em dias muito quentes ou muito frios, essa rotina pode mudar, assim como a localização da sua planta dentro do seu apartamento.

Por exemplo, se você tem uma planta no banheiro. Lincon explica que você deve analisar como é o cômodo. Como é seu banheiro de dia? Como é no verão? Tem janela grande, que permite uma boa circulação de ar? "Não existe planta pra lugar específico, cada lugar e cada planta têm suas particularidades", afirma. "Muita gente procura planta para o banheiro. Banheiros bem arejados, que mais parecem quartos, com janelas que proporcionam circulação de ar, permitem qualquer planta. Só que a gente tem que lembrar que acabamos tomando mais banho quente no inverno, e esse vapor da água é absorvido pela superfície das folhas da planta. Nesse caso, fique de olho na terra. Às vezes a planta absorve água pela folha, e aí você tem que dar uma segurada na rega pela terra, porque ela já vai estar molhada".

As estações do ano também influenciam sua rega: "no verão o calor vai fazer a água evaporar mais rápido, então de novo, você deve prestar atenção na terra. Nenhuma planta gosta de viver em terra que é barro, tem que ser uma terra fresca. Tem plantas que gostam que a terra seque totalmente até a próxima rega. Aí que entra esse lance de frequência", conta Lincon.

E os borrifadores?

Lincon brinca que muita gente gosta de ter borrifador em casa para ficar fazendo Stories no Instagram, mas a ferramenta funciona bem além das curtidas. "O borrifador vai servir pra dar um refresco na planta, depois de regar. Sabe o petisco do cachorro? É o borrifar", brinca Lincon. "Ele serve também para tirar a poeira das folhas." Para isso, aliás, você pode borrifar ou limpá-las com um paninho úmido, só com água. Tem planta na cozinha? Dia sim, dia não, passe um pano úmido com sabão de coco e depois um paninho só com água dia sim dia não, para limpar as folhas e desobstruir sua respiração, que pode ter sido interrompida pela gordura no ar.

"Muitas vezes só se vê o recorte da beleza da planta, mas tem toda a manutenção por trás".

Lincon Catto

Vale frisar que é importante tomar cuidado com o horário em que você borrifa suas plantas: "Tem que tomar cuidado com o sol batendo ali, que esquenta a água e queima a folha", diz Lincon.

Lincon cita a samambaia como um bom exemplo de planta que gosta de borrifador, e discorre sobre a planta que é uma das favoritas de quem mora em apartamento: "Gente que gosta de molhar planta à noite, atenção: se você molhar a sua samambaia à noite, vai matá-la. Samambaia também odeia vento. É até engraçado, ela gosta de estar fresca, mas odeia corrente de ar. Não gosta de estar encharcada mas gosta de estar úmida. Mas eu te juro, ser humano é bem mais complicado do que planta", ri. Concordamos, claro, sobre esses verdadeiros rockstars da jardinagem.

"Tem ainda o truque de enfiar um dedo cinco centímetros dentro da terra e sacar: tá úmido, tá fresco? Você tem que imaginar: eu gostaria de estar dentro dessa terra? Parece muita coisa, mas depois que você se insere nessa rotina, tudo começa a fazer sentido e ficar mais fácil. Mas é que nem adoção responsável, não fazem um monte de perguntas para a pessoa antes dela adotar um bicho? É a mesma coisa com planta".

Água filtrada

Foto: Lincon Catto (@el.catto)

Você certamente já deve ter ouvido falar também que o ideal é regar suas plantas com água filtrada. Lincon afirma que não é frescura: "Se você puder, é melhor, porque não tem tanto cloro. Sabe quando a planta fica com manchas pretas ou amarelas bem no meio das folhas? Isso é excesso de cloro. Ela mancha, cria uma cicatriz - que depois fica marrom - e não volta a ser verde", explica o jardineiro.

"Outro truque muito massa para quem não tem água filtrada é pegar um balde d'água e deixá-lo de lado por uma noite. Com esse tempo o cloro evapora da água, fica menos denso, e a planta não sofre tanto. Você também pode ferver a água, mas claro, tem que esperar esfriar antes de regar".

De novo, voltamos sempre ao ponto da sensibilidade: deixe sua planta conversar com você e aos poucos vocês vão se entendendo. Essa, aliás, é a parte mais deliciosa desse convívio - bem mais que o clique no feed! <3

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