A nossa comunidade é tão incrível e com uma diversidade de histórias tão rica que a gente não se cansa de ouvir cada uma delas: cada jornada traz uma particularidade, uma evolução e, por que não, uma revolução. A jornada da Isabela Bellemo é assim: junta tudo isso e muito mais. Ouví-la falar sobre sua história com sua pele e com a dermatite atópica (ou eczema) é ter mais uma vez a certeza de que cuidar da nossa pele nunca é um monólogo.
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Uma jornada da vida inteira
A jornada da pele da Isabela, ela conta, começou há 30 anos: é que desde muito bebê, ela conta, sua pele já mostrava alguns sintomas de dermatite. Depois, aos dez anos, essa dermatite começou a aparecer mais forte nos braços e atrás das pernas, evoluindo para o rosto durante a puberdade: "Tenho memórias mais espaçadas de episódios durante a minha infância, mas foi na adolescência que a dermatite começou a atacar meu rosto - em torno dos olhos, no pescoço... E aí, conforme a idade adulta foi avançando, a minha dermatite também foi. Há muitos estudos que dizem que a dermatite pode melhorar com a puberdade, mas no meu caso foi piorando conforme fui ficando adulta".
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Em 2016, as crises de dermatite da Isabela começaram a ficar muito mais recorrentes e, segundo ela, cada vez piores. Foi quando ela decidiu que precisava fazer algo a respeito: "Até então, ia a médicos que acabavam me receitando pomadas de corticóides cada vez mais fortes. Isso recuperava minha pele por um tempo, mas a crise voltava, às vezes até pior. Ao mesmo tempo, estava tomando muitos antialérgicos fortes. Nada que solucionasse o problema realmente, porém".
A supercrise
Na virada do ano de 2018 para 2019, uma decisão: Isabela ia fazer de tudo para melhorar sua dermatite. O primeiro passo? Parar de seguir médicos com tratamentos "que não faziam efeito". O que poderia ser um passo positivo, porém, acabou sendo bastante perigoso - e um que Isabela faz questão de contar para que ninguém repita o que ela fez: "Eu entreu numas loucuras de parar de passar a pomada e os antialérgicos do nada". O corte brusco sem acompanhamento médico resultou em um efeito rebote muito forte, que Isabela batizou de "a supercrise": "Uma dermatite que era localizada, no final acabou tomando conta não só do meu corpo inteiro como da minha vida. Não conseguia mais dormir, tomar banho propriamente e comecei a ter lesões cada vez mais graves. Ao mesmo tempo, estava fazendo tratamento com uma nutróloga, que me passou uma dieta restritiva, então tudo que me dava prazer na vida eu fui cortando. Foi um período muito estressante".
O auge foi quando Isabela acordou um dia com sua pele soltando secreção, seu lençol cheio de sangue e seu rosto grudado no travesseiro: "Foi quando me dei conta de que não dava mais pra ficar assim, e procurei minha médica, que disse que esse sacrifício todo que eu estava fazendo não fazia sentido". A opção era partir para os corticóides de via oral: "Era isso ou ir para hospital, e eu não queria ir para o hospital, pois tinha medo de me darem cortisona na veia, o efeito passar e a crise voltar de novo".
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"Pele tem vida própria"
Depois da supercrise, uma série de fatores começou a contribuir para o que seria um recomeço nessa jornada da pele tão intensa: em agosto de 2019 Isabela começou a tomar uma alta dose de corticóide via oral e conta que foi aí que tudo começou a fazer mais sentido: "Depois desse buraco em que me enfiei, fui entendendo que a dermatite tem a ver com muitas coisas. Alguns médicos falam que ela não tem uma causa direta e acredito muito nisso - a dermatite não tem causa e efeito, não é algo específico que acontece na sua vida que faz você ter crise, às vezes é um conjunto de fatores".
Junto com o tratamento com corticóides de via oral, Isabela mergulhou na pesquisa sobre todos esses potenciais fatores, além de fazer uma imersão em si mesma, sempre acompanhada por sua terapeuta, que ela conta ter sido sua grande parceira nessa jornada: "Nesse período da supercrise, eu era um fio desencapado, literalmente. Eu estava sem pele, e qualquer coisa podia me afetar emocionalmente. Então fui estudar absolutamente tudo. Nessa época estava fazendo uma dieta que restringia derivados de leite e glúten, e fui estudar, por exemplo, meu ciclo menstrual, já que fico muito pior na TPM".
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A abordagem foi ainda mais ampla: Isabela começou a buscar atividades que a ajudassem a controlar também o estresse, como yoga, acupuntura e massagem aiurvédica: "Mergulhei em tudo que achava que poderia me ajudar", ela conta. Paralelamente, ao longo do tempo, Isabela foi fazendo o desmame do corticóide oral, algo que ela não ainda não estava conseguindo cortar totalmente. O que a Isabela aprendeu com tudo isso? "Que pele e emoção são duas coisas extremamente ligadas. Pele tem vida própria, e sou prova viva disso".
A chegada da Dra. Monalisa Nunes
Tudo isso, Isabela conta, até então, não tinha o acompanhamento de um dermatologista. E ela sabe exatamente por quê: "Eu estava muito descrente do corpo médico, porque tive muitas experiências ruins com acompanhamentos anteriores, até mesmo da nutróloga. Afinal de contas, não era algo que eu comesse que ia me dar crise. Mas cheguei no momento em que pensei que eu precisava muito de um médico pra me ajudar para valer não só no desmame, mas no cuidado com a dermatite. Meu rosto estava bem inchado por conta dos corticóides, então eu já não conseguia mais nem me reconhecer no espelho. E eu queria ter uma relação com remédio que fosse mais adequada. Eu já havia tentado o desmame antes, mas nunca de forma adequada".
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E foi aí que a Dra. Monalisa Nunes entrou na vida da Isabela: "Na primeira consulta, contei tudo isso para ela, pedi que ela me ajudasse no desmame, e a gente conseguiu". Nessa jornada, mais um aprendizado: "É muito importante falar que quem tem uma doença crônica não deve se esquecer que isso é uma doença, não é uma frescura. Você vai precisar de algum tratamento com remédios de uso controlado eventualmente. Em algumas situações, só passar hidratante, só comer direitinho, só beber água não vai resolver. Quando encontrei a Dra. Monalisa, já tinha feito essa investigação muito profunda na minha vida, mas faltava o acompanhamento médico pra fazer esse desmame e saber quais tipos de tratamento existiam para me ajudar levar a dermatite de forma mais amena, para que ela não seja um peso na minha vida".
O resultado, Isabela afirma, foi ótimo: "Hoje em dia não tomo mais o corticoide via oral, só uso a pomada quando tenho crises muito fortes e vejo que minha pele não consegue se recuperar sozinha. Eu meio que fiz as pazes com a parte médica de todo esse tratamento e hoje em dia tenho mais autonomia com a minha pele. Acho que era isso que faltava nesse processo todo. Por mais que eu tenha passado por todas essas fases, a dermatite ainda é presente na minha vida - eu ainda tenho crises. Mas acho importante aceitar que a gente às vezes quer controlar muito coisas sobre as quais não temos muito controle. Tem uma frase de uma nutricionista que gosto muito, a Maiara, que diz que o corpo não se controla, ele se respeita. Acho isso muito poderoso. Às vezes não tem o que fazer. A gente tem que respeitar que a nossa pele vai ter momentos de melhora e piora, e isso foi um processo muito importante.
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Minha pele exige atenção e cuidado, muito mais do que alguém que não tem condição de pele. Skincare para mim não é questão de autocuidado, é questão de que se eu não fizer, vou sofrer no dia seguinte. Minha pele vai acordar muito ressecada.
Isabela Bellemo
Dentre tantos aprendizados que Isabela teve com sua jornada da pele, um veio para revolucionar a relação da Isabela com seu tratamento da dermatite: "Mudou tudo quando passei a encarar que eu tenho uma doença de pele e que a medicação me ajuda, ela não é uma inimiga. Lá atrás, quando eu falei não, chega de tomar remédio e passar pomada, achava que minha pele ia se recuperar sozinha. Foi uma brisa muito louca que eu tive até por influência da internet, com esses movimentos de cortar corticóides. Mas a grande questão foi, internamente, eu fazer as pazes com os remédios. E isso só é possível se você tem um medico legal do seu lado".
O Hidratante Reparador
A rotina de skincare da Isabela é simples: ela lava o rosto com água de babosa, com água fria, e passa um hidratante. "Se minha pele está muito machucada, passo um que ajude com a cicatrização - pode ser a pomada de corticóide se tiver muito grave, ou pode ser uma pomada que tenha esse objetivo de cicatrizar. E aí passo um hidratante que, para mim, é mais leve, como é o caso do Hidratante Reparador. O que eu gosto nele é que ele mantém uma hidratação por mais tempo. A minha pele suga muito produto por ser muito ressecada. E acho que ele tem uma durabilidade bem boa, e como ele não é agressivo, consigo usá-lo até quando minha pele está um pouco mais irritada. Ele ajuda muito", conta Isabela. "Minhas crises têm três fases - na primeira a pele fica super irritada, avermelhada e machucada. Na segunda, a pele vai descamando, já começando a cicatrizar, e na terceira aquelas pelezinhas começam a cair. Nessas duas últimas fases, o Hidratante Reparador funciona muito bem, porque ele faz como uma capinha protetora mesmo. Ele protege a minha pele. Fora isso, nas regiões do corpo que também tenho dermatite, como atrás da perna, nos braços e entre os seios também uso o Hidratante Reparador. A coceirinha passa na hora.
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Um sentimento de fazer parte
Terminando essa conversa incrível, Isabela faz questão de levantar um ponto que para ela é tão importante: "Todos nós que temos condições de pele, no geral, somos muito excluídos do skincare, sabe? É como se o nosso skincare dependesse somente da questão médica, de você cuidar da sua pele para não ter crise e acabou. E quando tem um produto que todo mundo usa e você pode usar também - e que vai além dessa questão de solucionar um problema, ou seja, que também dá um viço, que deixa a pele bonita - dá uma certa satisfação, e isso é muito bom. Outras pomadas que eu uso que têm mais ou menos o mesmo efeito do Hidratante Reparador não vão deixar minha pele bonita, ou podem até deixar minha pele esbranquiçada. Elas nao estão ali para deixar um efeito bonito na pele ou o toque mais macio, elas estão ali pra cumprir uma função. Eu já me senti muito excluída porque minha pele era diferente, e acho que isso é o mais legal de poder usar um produto da Sallve: a gente poder se sentir incluída nesse mundo de skincare, que é muito importante na nossa vida".