Por: Jussara Romão
A opção de envelhecer da forma mais natural possível soa, para mim, como a coisa certa a fazer. Combina com as minhas escolhas e com a minha revolução pessoal. Confirma a forma que decidi me apresentar ao mundo e de como isso me representa por inteiro. O espelho não reflete a minha verdadeira imagem.
Minha neta, de oito anos, afirma que meu cabelo não é branco, mas que eu, sim, decidi pintar de branco. É como se ela percebesse a minha essência, que o tempo não mudou. A pessoa que estará sempre pronta para abraçar o mundo, se arriscar e confrontar.
Quando ainda não existia a expressão, estilo de vida, eu já curtia pensar sobre o meu lugar no mundo. O lugar que não exigisse, que fosse aberto e receptivo para o que eu quisesse ser. Por isso, liberdade sempre foi a minha palavra perfeita. Tão repleta de significados, que exige uma constante validação.
Nunca entendi porque vivemos para os outros — tentando parecer ser de uma determinada maneira aos olhos das outras pessoas — em vez de viver pelo nosso próprio bem. Admito, questiono constantemente sobre as minhas escolhas. Afinal não somos imunes às dúvidas e às expectativas dos outros.
As respostas surgem do desejo imperativo de deixar a minha assinatura como um símbolo da possibilidade, que apesar de tudo, vive da maneira que acredita, para si mesma, tentando ser livre de convenções e preconceitos. Acho revolucionário, corajoso e uma felicidade envelhecer.
Deixar que as marcas apareçam e explorem a beleza de um novo momento: sem plástica, quase sem maquiagem e com os cabelos totalmente brancos. Esse é o meu sentido de liberdade.
“Temos apenas uma vida e muitas coisas a dizer.”
Simone de Beauvoir