Se prepara que a conversa de hoje é boa! Senhoras e senhores, com vocês (rufo de tambores), Layla Brigido, influenciadora de Vitória, no Espírito Santo, que nos ensina o essencial: o amor próprio.
A nossa conversa começou com as imagens editadas que aprendemos a almejar para os nossos corpos. Sabemos que imagens de moda são feitas para nos fazerem sonhar, são criadas para a imaginação. Mas porque temos que sonhar somente com o corpo magro e branco? Por que esse pedestal das grandes revistas de moda não podem realçar outras belezas?
Para entendermos essa e tantas outras questões, da autoestima ao autorrespeito, aqui abaixo você conhece um tanto do que a Layla tem a dizer. Segue ela no Instagram - é garantia de conteúdo que nos faz um danado:
Padrão de beleza inatingível
A representatividade é importante porque todos nós somos diferentes. A gente precisa ver mais do que um padrão estampado o tempo todo, até porque a gente sabe que ele é completamente editado e muito inatingível. Acho importante que cada vez mais a gente veja pessoas reais nas capas [de revistas], mas não só nas imagens que a gente consome: é importante que o mercado de trabalho também se abra mais para essas pessoas, que a nossa sociedade saiba aceitá-las melhor - apesar de ser algo comum, mas que a nossa sociedade foi ensinada a condenar.
O que eu sinto falta de ver hoje é uma representatividade mais real, de ver pessoas reais que aparecendo ali. Como por exemplo gordas que têm barriga, que não têm o corpo distribuído no formato de um padrão que foi criado até para mulheres gordas e principalmente mulheres negras.
É muito difícil uma abertura do mercado a essas mulheres. Sinto muita falta ainda de olhar e ver que uma capa de revista é próxima de algo que eu também vejo na rua quando eu saio. Apesar de termos visto um começo, ainda não é algo tão comum. Ainda precisamos lutar muito por isso.
E não deveríamos ter que lutar tanto assim. Na verdade, isso deveria ser muito mais comum do que a gente imagina. Essa representatividade precisa aumentar e precisa ser mais fiel à realidade, menos editada. Muita coisa é transformada na hora de ir para o ar, e essa transformação toda mexe muito com a cabeça das pessoas. Ela dita um padrão, que por sua vez fomos ensinados a buscar. Mas ele sequer existe, ele foi feito num Photoshop.
Você é a sua possibilidade
Autoestima envolve tantas coisas. Não é só a questão do corpo. É a questão profissional, a questão de como você vai lidar com a alimentação, com a doença. Tem pessoas que me mandam mensagem contando que conseguem recuperar a autoestima lidando com a fibromialgia porque me vêem lidando com isso também. Ou pessoas que falam que eu as inspiro muito por causa do câncer que enfrentei, e hoje elas conseguem cuidar da autoestima delas mesmo passando por um processo de quimioterapia. Fora várias questões com o corpo, por serem gordas - porque a nossa sociedade ensina que o corpo gordo é um corpo errado.
Eu sou a minha possibilidade, você é a sua... Cada pessoa é sua própria possibilidade. Quando comecei a passar essa mensagem, não sabia se iria dar certo ou não. Mas eu queria muito, porque se eu consegui enxergar assim, quem sabe outras mulheres também não consigam, né?
Nós somos a nossa possibilidade, o nosso corpo permite a gente fazer as coisas, quem a gente é permite que a gente vá cada vez mais longe.
Layla Brigido
Como trabalhar mais o amor próprio?
Amor próprio e autoestima envolvem muita coisa. Eu acho que antes de tudo a gente precisa entender o porquê de tanto ódio com a gente, sabe? De onde realmente saiu isso, tanta vergonha do nosso corpo.
Será que eu não me amo ou fui ensinada a não me amar? A gente é ensinado a não gostar de coisas na gente e criar complexos com essas coisas. Por que?
Layla Brigido
Porque quando a gente começa a questionar esse tipo de coisa, a gente começa a ver que existem muitas respostas sem fundamento nenhum. Por que ter barriga é feio? A falta dessa resposta mais completa nos mostra que nada disso faz sentido. A gente foi ensinado a pensar dessa forma limitada, que coloca a gente numa caixinha.
O primeiro passo é o questionamento - de nós mesmos e das coisas que aprendemos. Não é porque ouvimos algo uma vida inteira que isso é a verdade absoluta.
Se esse processo da gente se odiar foi um processo construído, ele pode ser desconstruído também. Claro que vai levar tempo - e cada um tem seu ritmo -, mas é muito importante a gente entender isso pra ver que não estamos estáticos numa posição, sabe? A gente pode mudar.
Acho que a partir disso a gente precisa acolher mais o que é nosso também, como nossas limitações: às vezes não adianta ficarmos lutando com uma limitação nossa. É importante acolher, entender e olhar o que é possível para mim, o que é potencialidade para mim, e reforçar isso.
Tudo isso reunido leva muito a essa questão do amor próprio. Em relação a aparência, a gente precisa aprender a se olhar mais e não ficar apontando defeito. É até um exercício eu me olhar no espelho e, ao invés de apontar um defeito, apontar um elogio. No começo é muito difícil, pois é um comportamento muito natural, infelizmente. A gente aprende a fazer isso com uma facilidade danada.
Isso nos faz olhar para nosso corpo e para nós mesmos de outra forma e trabalhar mais a nossa visão nesse sentido. No final das contas, isso tudo é muito sobre autorrespeito: de limitações - físicas ou de qualquer outro tipo -, do que a gente consegue ou não, do que somos ou não. Porque quando a gente se respeita já está treinando um olhar mais carinhoso a respeito da gente. É isso que faz com quem a gente consiga se amar - ou mesmo que a gente não ame cada coisinha na gente, que a gente saiba pelo menos respeitar.
A gente precisa aprender a respeitar quem a gente é.
Layla Brigido
Conversas boas como essa são sempre muito bem-vindas <3. Se você quiser indicar alguém ou um tema, é só nos deixar um recado aqui abaixo nos comentários.