Você já deve estar cansado de saber que a maquiagem é uma ótima forma de se expressar, mas já parou para pensar o quanto ela diz sobre uma época ou até mesmo uma geração? Consegue lembrar como eram as maquiagens de cinco ou seis anos atrás? Talvez recordar de cabeça seja difícil, mas se você consome conteúdo de beleza no TikTok, provavelmente já se deparou com a nova tendência do aplicativo, que viralizou no último ano por trazer uma série de vídeos de diferentes editorias e um algoritmo que te entrega exatamente aquilo que você quer assistir. Foi por lá também que os desafios de maquiagem com dancinhas e transições perfeitas se popularizaram bem além da rede social.
+ Desafio das olheiras no TikTok: naturalização ou padronização?
As hashtags #makeuprevolution (traduzida como revolução da maquiagem) ou #2016vs2021 trazem um número gigantesco de vídeos que comparam maquiagens durante esses dois períodos. Com a face dividida pela metade, acompanhamos as diferenças nos hábitos de make:
@klaudiasyd 2016 vs 2021 makeup 💄✨ ##makeupevolution ##makeup4you ##makeuptrends2021 ##fypシ ##makeupbeforeandafter ##2016vs2021 ##beautytrends
♬ Chun Swaee ITSBARBIEBETCH - Ava 🥀
O vídeo de Klaudia, um dos mais populares da trend, é um exemplo sobre como nossa forma de se maquiar mudou nos últimos anos. Base de alta cobertura sem brilho algum, contorno bem marcado no estilo Kim Kardashian, sobrancelhas bem escuras e delimitadas com corretivo claro para destacá-las, muito pó para fazer o famoso baking, batom mate e a falta de blush deram lugar a uma pele mais glow e natural, com sobrancelhas penteadas para cima, brilho labial, blush e sardinhas fake.
+ Você lava frequentemente suas ferramentas de skincare e maquiagem?
As mudanças não deixaram de chegar no universo das drag queens: neste vídeo de Chanel Dior, vemos a evolução da drag fazendo sua própria maquiagem. Nota-se o uso da base com cor mais aproximada de seu tom de pele, sobrancelhas mais claras e menos espessas, assim como um contorno mais leve e pouco pó.
Durante algumas entrevistas, Julia Petit falou sobre essas transformações que ocorreram nos últimos anos no mercado de maquiagem: o que antes era usado para cobrir com camadas e camadas as espinhas, olheiras e sardas, hoje em dia dá espaço para uma proposta natural, quase como se não desse para perceber os esforços aplicados ali.
Mas por que será que isso acontece? Segundo a nossa CCO, com a popularização do skincare no Brasil e a chegada da informação e tecnologia vindas da Ásia, as pessoas pararam para olhar mais sua pele e consequentemente e realmente começaram a cuidar dela, não sentindo tanta necessidade de cobrir com produtos mais matificantes que escondiam até os poros. Com um número maior de produtos de cuidados com a pele, para diferentes preocupações e menos atenção aos incômodos, a maquiagem se torna um instrumento ainda maior para expressão e diversão.
+ Por que é tão importante hidratar sua pele antes da maquiagem
Embora o Brasil seja um país em que os habitantes possuem peles oleosas a mistas, o uso contínuo de tratamentos fez com que mesmo as peles mais oleosas se adaptassem à pele bem viçosa. A influenciadora Mari Maria, conhecida por usar bases com alta cobertura e looks considerados mais “pesados”, também entrou para a turma da "pele nada". No começo de seu vídeo, podemos até vê-la fazendo uma máscara facial, prova de que o skincare agora é aliado da maquiagem.
Apesar de cada pessoa usar a maquiagem como uma ferramenta para seu próprio divertimento ou necessidade, é interessante observar como as vontades são influenciadas pelo comportamento e pela febre do momento. Nossos hábitos são realmente nossos?
+ O poder (e a política) da maquiagem, por Alexandria Ocasio-Cortez
Conversamos com a influenciadora e especialista em beleza, Stella Spinola, para entender a sua relação com a própria pele. Conhecida por usar maquiagens mais naturais combinadas com olhos festivos e coloridos no estilo "Euphoria", ela nos conta que nem sempre foi assim “Tive uma fase em que nunca me maquiava sem passar base e fazer um delineado! Cinco anos atrás eu via a maquiagem como uma forma de corrigir 'erros' e hoje a vejo de uma maneira muito mais leve, sem regras e que serve apenas para eu me divertir. Então eu só uso base quando estou afim, me divirto mais com as cores, me importo menos com manchinhas e olheira (que são super normais e todo mundo tem)”
Para ela, essa diminuição do uso de produtos acontece por um reflexo de mudanças que acontecem na sociedade em geral, especialmente durante a pandemia, se desapegando, por exemplo, da necessidade de cobrir olheiras com corretivo pesado: "Acredito muito que quando a pandemia passar vamos ter um grande boom das pessoas estarem mais criativas do que nunca nas maquiagens, e essa história de se maquiar seguindo regras vai estar cada vez mais no passado".
E por falar em tendência, Stella revela que não gosta nadinha de usar o pó para fazer baking: ela prefere uma pele mais viçosa, mesmo que chegue a parecer oleosa. Ela também prefere deixar os cílios postiços de lado, mas não abre mão da sobrancelha penteada para cima, bem bagunçada e natural - além de seu maior vício, o blush.
+ O boom da maquiagem e do skincare para o público masculino
Se nos últimos cinco anos nossos hábitos mudaram, o mesmo não pode ser aplicado a maquiadora Vanessa Rozan, que reproduziu o desafio comparando a sua maquiagem de 2011 com a de agora e acredite, não mudou nadinha! Dez anos usando as mesmas técnicas e produtos: demais, né?
E você? Mudou muito sua maquiagem nos últimos anos? Conta aqui pra gente, vamos adorar ler :)