Não vou mentir: uma das coisas que mais tenho sentido saudade em tempos de pandemia é de me arrumar para sair. É passar um tempão me maquiando para ir tomar um drink com a amiga: passar a base linda e viçosa, mandar por cima o iluminador por puro abuso, pegar aquele lápis de olho marrom lindo que comprei três semanas antes do isolamento social e usei um total de 01 vez até agora, caprichar na sombra com muito glitter que também teve tão pouca oportunidade de arrasar nas minhas pálpebras. E o batom... Ah, o batom. Da cor que eu qui-ser.
É to-tal-men-te um #problemadeprimeiromundo, antes que alguém me aponte os dedos com essa alegação. Eu sei, total. Mas eu sinto falta. São umas trivialidades bobas, mas quem não sente falta delas quando as mesmas nos são tomadas? Tá, eu posso me maquiar para ficar em casa, mas é a mesma coisa? Não. Eu quero que a cada piscada dos meus olhos todo mundo veja o esplendor da minha sombra da Charlotte Tilbury.
Por tudo isso, a oportunidade de uma viagem de fim de semana com o marido - a primeira sozinhos desde que passamos de um inocente casal sem filhos a pais atribuladíssimos - foi a oportunidade perfeita para eu matar as saudades de tudo isso. Na mala, dois vestidos, uma sandália, o essencial - tudo compensado por necéssaires gordíssimas. A de higiene e cabelos? Só a voz continuaria a mesma. A de skincare? Eu estava preparada para botar o viço da minha pele hidratadíssima para jogo. A de maquiagem? Meu bem, o céu era o limite. Seriam dois dias de close absoluto, com minhas bases favoritas e muito mais cores de batom do que oportunidades para usá-los. Blushes? Em todas as texturas.
Máscara + calor + maquiagem derretendo
O que eu não contava, porém, era com o calor infernal que passaria o fim de semana inteiro. Junto com ele, outro pequeno imenso detalhe: a bendita máscara! Tudo bem: cheguei de noitinha, né? Dá para já causar um pouquinho no make, íamos a pé, máscara não obrigatória ao ar livre, um lipbalm bem fresquinho e ok. Passou.
Dia seguinte, aquele sol fervendo e na agenda uma visita guiada a uma cave de champagne. Duração: 90 minutos. Respeitando o distanciamento social, mas sim, 90 minutos de máscara, sem tirar. "Vou botar um batonzinho nude, né, para não ter problemas", pensei, mostrando toda minha falta de discernimento após 20 minutos passando um CC Cream um pouco mais pesado (e incrível), corretivo e absolutamente tudo mais que havia levado.
Foram necessários apenas cinco minutos de máscara para chegar à conclusão de que talvez tivesse subestimado esse pareamento de menu completo de maquiagem e máscara cirúrgica. O resumo foi uma máscara toda manchada por dentro e todo um incômodo rolando junto.
Fomos para casa, tomamos outro banho (a essa altura os termômetros já beiravam os 38 graus) e partimos para a segunda parte do dia: mais visita a fábricas de champagne. No que me levou a suspeitar de que sofro da mesma doença da peixinha Dory, esqueci completamente da minha experiência matutina e elevei o jogo: passei tudo de novo e finalizei um batonzão vermelho de longa duração.
Deu certo? Não, deu erradíssimo. Sentia minha base escorrendo por dentro da máscara (o batom, porém, seguia minimamente no lugar, olha que propaganda boa) e cheguei a conclusão de que não ia ter jeito: eu ia ter que suprir minha empolgação de me jogar na maquiagem com uma versão reduzid(íssim)a do que adoro usar para causar.
Não tenho nenhum problema em não usar maquiagem, mas realmente adoro usar quando rola a oportunidade, sabe? Quando bate a vontade (depois de tanto tempo sem usar, qualquer oportunidade dá vontade, risos). Mas infelizmente, máscara e maquiagem mais animada não combinam.
Maskne: mais um novo termo para o nosso vocabulário
Lembra que a gente já te falou por aqui sobre o surgimento de problemas de pele com o uso constante de máscaras, como dermatite perioral ou acne? Este segundo caso, tão irritante, aliás, ganhou até um novo nome, maskne!
Segundo a Dra. Karla Azuaga, aquele abafamento causado pela máscara aumenta a oleosidade da pele e altera a flora cutânea, o que por sua vez pode obstruir os poros e desencadear a tal maskne. "Se a pessoa estiver usando maquiagem na região, a obstrução de poros pode ser ainda maior, com aumento de cravos e espinhas", complementa a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff.
"Por outro lado", ela nota, "pessoas com pele extremamente secas podem sofrer com a maior desidratação da pele devido ao uso constante de máscaras. Nessas pessoas, a maquiagem pode ressecar ainda mais a pele e causar irritações e dermatites."
Tá, mas e aí, como a gente contorna isso?
É simples, na verdade: se a gente quer mesmo continuar usando aquela maquiagem que dá uma levantada na moral e melhora nosso astral, temos sempre nossos olhos pedindo por uma sombra animada, um delineador que traz o ponto de cor sem exagero, um rímel que muda a vida e daí por diante (eu ando adorando preencher as sobrancelhas, por exemplo - olha que zona livre ótima!). Se você tiver destreza com o pincel ou os dedos, vale até um blush aplicado mais para cima. Ah, e um hidratante bem levinho é sempre fundamental.
Mais importante do que nunca? Mesmo que você tenha usado o mínimo de maquiagem possível, a Dra. Paola ressalta a importância de lavar muito bem sua pele e retirar tudo, seguindo logo na sequência com o passo da hidratação.
Quanto ao batom super colorido e a base mais aparecida, por aqui parece que, por enquanto, eles vão ficar exclusivamente para as reuniões de Zoom mesmo. Ou para os happy hours virtuais com amigos em diferentes fusos. O que não é negociável? O uso de máscara. ;)