"Less is More", Menos é mais. Quantas vezes você já ouviu por ai (e repetiu) a célebre frase do arquiteto alemão naturalizado norte-americano Ludwig Mies van der Rohe (1886 - 1969)? Professor da Bauhaus, o arquiteto fazia parte (assim como Le Corbusier) do movimento International Style - que influenciou, inclusive, a arquitetura moderna brasileira de Oscar Niemeyer.
A frase "Menos é mais" se referia a sua abordagem racional na arquitetura, seguindo o conceito do minimalismo. E esse não é um post sobre arquitetura, mas conhecer a origem dessa frase por nós tão usada é fundamental para entendermos porque ela cai como uma luva em tantas diferentes situações. Não é por acaso que a usamos como referência em tantas outras expressões artísticas, experiências ou até mesmo em nossas vidas.
Ela é referência também de "Less is Now" documentário da Netflix que no Brasil ganhou o título "Minimalismo Já". (Abaixo você vê o trailer em inglês e no site da Netflix você encontra a versão legendada em português).
Menos é mais: o equilíbrio nos faz bem
O documentário da dupla The Minimalists (Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus) com direção de Matt D'Avella, que estreou esse mês, preza que o nosso atual problema é a oportunidade de termos tudo em um clique, com entrega em 24 horas. É assim, que passamos a substituir afetos por objetos.
E como em tudo na vida, um pouco mais de equilíbrio é sempre bem vindo. Basta corrermos os olhos ao nosso redor dentro de casa, tirarmos as caixas escondidas debaixo da cama ou abrirmos os nossos guarda-roupas para nos depararmos com uma série de objetos que estão ali sem função, parados, quando não esquecidos, só acumulando. Até mesmo com a estante de skincare, a #shelfie, que acabou virando uma febre de Instagram. A Julia Petit já comentou o quanto esse modismo é sem sentido já que "esses produtos se degradam, se estragam. Eles têm um prazo de validade fechados e abertos, e você deveria de alguma maneira usa-los. É importante não enlouquecer com essa coisa", aponta a co-fundadora da Sallve.
+ A obsessão pela shelfie e o skincare ostentação nas redes sociais
Precisa seguir à risca o movimento? Precisa fazer o desafio lançado pela dupla do documentário de doar um objeto no primeiro dia, dois no segundo, três no terceiro e assim por diante?
Não existe resposta certa ou errada. O importante é encontrarmos um ponto de equilíbrio para vivermos bem. O meu é muito diferente do conceito do minimalismo. Mas ao mesmo tempo, entro de carona pra aliviar tudo ao meu redor. Todo esse movimento que estimula uma renovação, que nos dá um empurrão pra abrir as gavetas e deixar ali dentro o que de fato pode servir, é bem vindo.
Ryan, da dupla The Minimalists, fala no documentário que a estética é importante pra ele mas que a sua casa não segue o estilo minimalista, para ele, o importante é que não tenha desordem ao seu redor. E esse pode também ser um ponto de vista para se repensar a quantidade de objetos ao nosso redor: conseguimos manter a organização ou está sempre tudo fora do lugar?
+ SAMU: a prática contemplativa da organização
"Acumulamos as dívidas também, as sabotagens pessoais e silenciosas, a negação velada das coisas que realmente importam porque, afinal, precisamos 'dar conta'. Pagamos por elas (com dinheiro ou mais importante, tempo - nossa vida). Não só objetivos, mas promessas, muitas delas vazias e de rompante de momento que duram dias, meses ou até anos. Acumulamos sonhos que não são nossos, semeados pelo Insta de outros acumuladores como nós", apontou o Léo Hackin, da nossa equipe da Sallve, que você já leu aqui no blog falando sobre Samu, a técnica contemplativa da organização.
+ A pandemia e a invasão domiciliar
"Você não precisa ficar magro, aprender inglês, correr uma maratona, ler seus livros empoeirados nem fazer o muro da sua casa tudo ao mesmo tempo", aponta o Hackin. Ainda mais durante uma pandemia, quando nos vimos cobrados (pelo mundo ou por nós mesmos) para mantermos o passo com cada minuto do dia tomado por uma atividade. Essa conversa é pra propor aprendermos a respirar. A olhar ao nosso redor, a avaliar se precisamos mesmo de tantas coisas. Se não podemos esperar os produtos acabarem para então encomendarmos novos.
+ Clean beauty e consumo consciente de beleza com A Naturalíssima
E fica o conselho do Hackin: "se desfaça, se despeça. Nem todo adeus é ruim". Afinal, menos é mais.