Conheça Patricia Maia Campos, consultora científica da Sallve

Conheça Patricia Maia Campos, consultora científica da Sallve

Ela é professora titular da USP e especialista na área cosmética

Você já deve ter ouvido a gente falar por aqui sobre o time de Pesquisa e Desenvolvimento da Sallve, responsável por tornar realidade as fórmulas que a comunidade sonha junto com a gente. Temos a nossa própria equipe de P&D, mas também contamos com o apoio de consultores externos para que esses produtos que chegam aí na sua casa saiam daqui eficazes e, claro, seguros. Por isso, hoje é dia de conhecer a Prof. Dra. Patricia Maia Campos, consultora científica da Sallve.

Patricia Maia Campos
Patricia Maia Campos

Patricia, 57 anos, é professora titular na USP - Universidade de São Paulo, e atua na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP. E, entre (muitos!) estudos publicados, aulas dadas e formação de mestres e doutores, ela está há cerca de 20 anos como membro da Câmara Técnica de Cosméticos – CATEC da Anvisa e faz parte do Conselho Científico Tecnológico da ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.

“Atuo na área de tecnologia de cosméticos, com ênfase em pesquisa e desenvolvimento de cosméticos, inovações em formulações e métodos de avaliação. Conclui a graduação em Farmácia na USP e fui me aperfeiçoando, comecei até trabalhando com química analítica no Mestrado para realizar estudos de estabilidade de cosméticos, momento em que houve exigência regulatória para a inclusão do prazo de validade nos cosméticos no Brasil, o que era exigido apenas em medicamentos”, contou Patricia Maia Campos.

No papo, a especialista contou que se formou em 1986 e considera que sua escolha por Farmácia foi super acertada. “O fato de eu ter feito curso de graduação em Farmácia me abriu as portas para poder atuar hoje na área cosmética. Por quê? Porque a Cosmetologia era muito voltada para químicos, sem considerar muito a biologia da pele, o conhecimento da nossa pele. Quem conhece mais é o dermatologista, mas ficava uma coisa distante, não tinha uma interação. Aí, veio a Farmácia, com os conhecimentos de química, biologia, bioquímica, física também. Então, quer dizer, me abriu muitas portas. E quando eu vi a possibilidade de trabalhar na área tecnológica - seja tecnologia farmacêutica, seja tecnologia de cosméticos -, eu busquei uma pós-graduação”, recordou.

Depois da graduação, ela partiu para pós, foi contratada como auxiliar de ensino na USP, fez Mestrado e Doutorado e trilhou um caminho até chegar no cargo de Professora Titular, o topo da carreira científica na carreira acadêmica. “34 anos de formada e 33 anos de USP, como professora. Comecei muito novinha e toda essa inspiração foi uma forma de juntar essa paixão de ser professora, com uma área de pesquisa que eu gostei, que me possibilitou a universidade. Além disso, por meio de parcerias, foi possível ter as duas realizações. Eu fiquei muito dividida no começo, porque a indústria me chamava, eu queria trabalhar com cosméticos. Eu queria alguma coisa que fosse para o mercado. É interessante, porque me chamavam para marketing técnico, mas eu dizia: eu gosto de ser professora. Minha mãe também era professora”, disse Patricia Maia Campos.

A acadêmica é muito grata e apaixonada pela Universidade de São Paulo e acredita que essa parceria empresa-universidade é muito, muito importante. “É até uma forma de retornar para a sociedade fazer essas consultorias. É importante e hoje a universidade vê com bons olhos. E, em países desenvolvidos, essa interação universidade-empresa, no setor produtivo, é super importante. Tanto é que com o apoio da Fapesp, CNPq, Capes e também as empresas e a Associação Brasileira de Cosmetologia, a USP, em 2016, ficou em primeiro lugar no mundo na pesquisa de cosméticos, na frente da Universidade de Harvard, de acordo com o estudo State of Innovation, da Thomsom Reuters, que avalia as instituições que tem núcleos de pesquisas mais produtivos em determinadas áreas”, relembrou.

Confira um pouco mais sobre o papo e entenda mais sobre o trabalho de Patricia Maia Campos, nossa consultora científica:

Como seu caminho cruzou com o da Sallve?

Foi muito legal. Eu conheci a Carine Dal Pizzol (Gerente do Time de P&D da Sallve), que preza muito por um rigor técnico, científico e tecnológico. Ela já queria fazer uma parceria desde a época em que ela ainda trabalhava no O Boticário, depois, na TheraSkin, e não conseguimos. E olha que interessante, o Vanzo (Chief Scientific Officer), que está com ela na Sallve, também queria fazer um trabalho comigo, quando ele estava na Mantecorp. No meio de 2020, ela me achou de novo. Conversamos sobre a Sallve e eu fiquei bem interessada.

Eu adorei a proposta da Sallve, acho que precisa ter esse tipo de empresa no Brasil. É um mercado que, embora de alto consumo, ainda tem empresas que têm dificuldade até com regulatório, não sabem nem registrar os produtos. Acho que é uma parceria e tem que ser uma interação de ambas as partes. Eu também aprendo. A Carine sabe quanto ela tem que vender, que precisa ter um custo acessível. Ela quer um produto de qualidade, mas tem que saber que precisa manter um preço. Eu como pesquisadora também procuro fazer decisões práticas, mas sempre prezando pelo rigor científico, o que está por trás.

Que valor teria a ciência se ela não tivesse uma aplicação? Para que? Todo trabalho só pode ser considerado científico quando ele é validado, publicado, divulgado e também aplicado, na minha opinião. Ah, mas e a pesquisa básica? A pesquisa básica é para entender o mecanismo de um produto com potencial tecnológico, por exemplo. A mesma coisa é a propriedade intelectual, a patente. Tem empresa que coloca patente só para falar que tem a cultura da inovação, mas se não resultar em um produto tecnológico, não tem valor nenhum. Você tem uma patente para ter um produto no mercado.

Acho importante essa interação universidade-empresa, seja como consultora científica, como projeto ou até mesmo para resultar em uma pesquisa em colaboração. É fundamental!

O que você faz? Qual sua função como consultora?

O conhecimento adquirido, a oportunidade na Universidade de fazer pesquisas, com o apoio das agências de fomento, parcerias com pesquisadores do Brasil e do exterior de Universidades e empresas cosméticas ampliou meus conhecimentos para desenvolver formulações, métodos de avaliação inovadores e me possibilitou atender a necessidade da Sallve, que preza por essa qualidade, com produtos de excelência.

Me possibilitou fazer essa consultoria como suporte técnico para definição de novas formulações dermocosméticas, de acordo com indicação de uso, bem como a elaboração de protocolos de pesquisa e desenvolvimento e métodos de avaliação da performance das formulações. Porque não adianta nada eu desenvolver, se não souber qualificar, se ela não for segura.

Então, em resumo, é isso: a experiência adquirida, como professora, pesquisadora da USP nesses 30 anos, com apoio das associações de cosméticos, da Fapesp, CNPQ, Capes, as parcerias internacionais, possibilitou essa consolidação desse conhecimento de pesquisa, que eu procuro fazer, pensando a formulação em paralelo com método de avaliação, em todos os sentidos. Não só de eficácia clínica, mas também da própria estabilidade, propriedade de textura da fórmula. Não adianta nada o produto ser eficaz e não ser agradável ao toque, por exemplo.

Isso tudo me possibilitou atender as necessidades da Sallve, que é esse suporte técnico e científico para elaborar esses protocolos de pesquisa e desenvolvimento, avaliação e, acima de tudo, a definição da formulação cosmética e das substâncias ativas, de acordo com a indicação de uso. Se quer um produto selador, o que vou usar? Quais ingredientes de origem natural, quais são seguros? Porque natural também pode ter problema de estabilidade. Quais já estão estudados?

Agora o que temos é uma consultoria mais teórica. É diferente de um convênio, um contrato, que é no laboratório, que você usa as instalações de universidade. Agora, é só a Prof. Patrícia.

É muito comum essa parceria das universidades com as empresas fora do Brasil. Aqui isso é comum? Ou poucas empresas fazem isso?

Fora do Brasil já é muito comum as empresas auxiliarem no financiamento à pesquisa. Por exemplo, em renomadas Universidades nos Estados Unidos quando o professor atinge um certo nível, ele precisa fazer essas parcerias e captar recursos do setor produtivo também. Um outro exemplo seria em uma Universidade na França, onde um aluno que orientei no Doutorado foi para fazer um pós-doutorado, ser um pesquisador lá. As empresas vão lá com um projeto, fazem uma apresentação sobre qual é a demanda da empresa. É claro que com um acordo de confidencialidade, tudo isso. Quem tem interesse, propõe os projetos. Aí, a empresa fala: me interesso por esse, vou pagar bolsas, custear parte da pesquisa. É muito mais comum lá fora.

Aqui no Brasil, não sempre foi assim. Quando comecei com as parcerias com empresas há 20 anos, houve resistência por parte de muitos na Universidade, os quais alegavam que o convênio não era trabalho científico, que poderia ser comercial. Aí, fui buscando equilibrar, buscando fazer convênios com universidades e institutos de pesquisas também, não só com empresas. Cheguei com dedicação, graças a Deus, e com colaboração dos dirigentes e gestores da USP. Então, temos parcerias com universidades no Brasil e no exterior, com institutos de pesquisa no Brasil e no exterior, e empresas no Brasil e no exterior.

Eu tenho trabalhos publicados em colaboração com o Centro de Pesquisa e Inovação da Chanel - França, por exemplo. Nós não fizemos produto, justamente para não se comprometer nesse sentido. Nós caracterizamos a pele francesa e a pele brasileira. Qual as necessidades? Quais as diferenças? E em relação a fotoenvelhecimento, onde a incidência é maior?

No Japão, testamos antioxidantes, alguns produtos, mas focamos no que? Como se comporta a pele japonesa e a pele brasileira frente a esses produtos? E por aí, vai. No Brasil, no momento posso te dizer que é na última década que as parcerias na área cosmética alavancaram e estão ganhando notoriedade. Desde que aconteceu da USP ser a primeira do mundo na pesquisa de cosméticos (2006-2016), essa realidade já é maior na área tecnológica em algumas Faculdades e Institutos da USP, onde as parcerias já são consolidadas. Para que a USP possa manter a excelência na área de cosméticos, alavancando ainda mais os resultados obtidos na última década, é necessário alinhar a pesquisa às necessidades do mercado. Firmar parcerias com as empresas é o meio mais rápido para gerar inovação.

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