Saiu uma pesquisa recentemente mostrando que as adolescentes americanas estão gastando menos com acessórios de moda e mais com skincare. Esta mesma pesquisa mostra também que tanto as adolescentes quanto as mulheres adultas estão comprando menos bolsas. Se identificou aí?
Esse movimento tem tudo a ver com a nova atitude das mulheres a respeito de si mesmas. Estamos priorizando o nosso conforto e não mais as “aparências”. Estamos cansadas de bolsas pesadas e exigindo mais bolsos nas roupas. Estamos usando mais pochetes. Repensando nossas prioridades. E também nossos valores.
A gente tá aprendendo a se agradar. Se mimar. O skincare tá sendo usado como uma forma de dedicar um tempo a si mesma. E também de estabelecer conexões, não só com a gente e o nosso corpo, mas também com outras mulheres.
Faz muito sentido que nós mulheres estejamos gastando mais em skincare porque estamos buscando rituais de autoconhecimento. E autoindulgência também. Buscamos o que podemos fazer para nos conectarmos com o próprio corpo. Queremos conhecer suas características, entender as suas necessidades. É um momento íntimo com a gente mesma que muitas mulheres só estão criando agora. E isso graças a toda essa conversa que se abriu na sociedade sobre aceitação e autoestima que fez com que as mulheres entrassem nessa fase de aprender a se curtir e se libertar da necessidade de aprovação masculina / social.
Os rituais e cuidados de beleza sempre foram sobre troca de saberes. E isso há milênios, desde quando era sobre trançar os cabelos e passar a argila nas costas pra proteger dos insetos. O primeiro registro sobre cosméticos data 6.000 anos no Egito. A humanidade sempre gostou de passar um oleozinho, se banhar em bálsamos e se perfumar.
Tem outra questão muito importante que precisa ser considerada: a gente nunca expôs tanto a nossa imagem, nunca exibimos tanto o nosso rostinho quanto agora. A ascensão meteórica de snapchat, stories, facetimes e selfies mudou a dinâmica do mundo. A cada aumento de megapixel, resolução, 4k das câmeras e telas, fizeram a gente conhecer novas texturas e cores. Não só na natureza como mostra o vídeo promocional da tevê, mas também na nossa pele. E em close.
A gente nunca foi visto tão de perto. E por tanta gente.
Isso é muito doido. Mexe com nosso psicológico.
É por isso que é tão importante que estejamos atentas para não cairmos na armadilha da história única de beleza que usaram (e usam) para nos oprimir por gerações. Cada pele é diferente em cor, textura e necessidades. Assim também é a beleza que se apresenta de várias formas.
E é isso que a gente precisa: entender qual é a nossa beleza e ressaltá-la. Cuidar de si e se mimar pra conhecer a sua melhor versão.