Desde que o mundo começou a falar sobre o Covid-19 foi divulgada a informação de que devemos lavar as mãos várias vezes ao dia, usar álcool gel e evitar de tocar o rosto. Mas por que a gente sente uma coceirinha no nariz assim que ouvimos que não devemos tocar o rosto?
Um ótimo exemplo de como o gesto é automático é o do pronunciamento de Sara Cody, presidente do departamento de saúde pública do Condado de Santa Clara, na Califórnia. O vídeo, do começo do mês passado, evidencia que enquanto Cody alerta a população sobre o risco de contágio, lambe o dedo para virar a página. Ops!
E ela não está sozinha nessa. O Washington Post reuniu uma série de diretores e políticos fazendo exatamente o que não devemos fazer: tocando o rosto! E pior: o faziam enquanto alertavam a população para (adivinhe!)... não tocar o rosto.
Sabe aquele velho ditado? "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço?".
23 vezes em uma hora
Segundo um estudo do American Journal of Infection Control, de 2015, mesmo quem é preparado para seguir a recomendação de não tocar o rosto, o faz, sem se dar conta. O estudo chegou a uma estatística que nos leva a pensar quantas vezes tocamos o nosso rosto durante uma hora. Os pesquisadores observaram uma turma de alunos de medicina que estavam se especializando em doenças infecciosas. Durante uma palestra, eles tocaram os seus rostos por, em média, 23 vezes em uma hora.
Tente reparar... quantas vezes você tocou o teu rosto enquanto lê esse texto?
Uma dica útil para quem se deu conta de que já tocou o nariz, a boca ou os olhos algumas vezes é o de lavar as mãos cada vez que voltar da rua ou quando receber uma entrega em casa. O importante é manter as mãos limpas.
Por que tocamos tanto o rosto?
A equipe do jornal americano Live Science levou essa pergunta para o psicólogo Kevin Chapman, fundador e diretor do Centro de Ansiedade e Desordens Relacionadas, de Kentucky. E a sua resposta, é que essa é uma ação natural.
"É um dos hábitos mais comuns para qualquer ser humano". Ele explica que não é só uma ação de repetição, mas também de vaidade. "É um hábito garantir que nossos rostos estejam aparecendo publicamente de uma certa maneira. Alimentos ao redor da boca, por exemplo, podem sugerir que alguém é desleixado ou não cuida de sua aparência".
Some a isso os fios de cabelos que afastamos do rosto ou a maquiagem que corrigimos com os dedos (quem nunca tirou o batom que pode acumular no canto da boca?).
O psicólogo alerta também que não poder tocar o rosto é mais difícil para quem sofre de ansiedade, o que pode se refletir em comportamentos repetitivos focados no corpo, como roer as unhas ou puxar os cabelos. Chapman explicou ainda que tocar o rosto nos tranquiliza em momentos de estresse. E quanto mais estamos preocupados em não tocar o rosto, fazemos exatamente o contrário: tocamos ainda mais!
A solução? Lavar as mãos mais seguido e usar álcool gel. E se sentir as mãos ressecando, lembre as nossas dicas de como mante-las hidratadas.
Se cuide ;)