
Quando entramos na quarentena, muitas listas de atividades começaram a ser divulgadas, com o intuito de te ajudar a passar por esse período com a cabeça no lugar. Vimos muitas ideias boas, mas com a profusão em massa delas, estas listas começaram a ficar um pouco opressivas, vai?
De repente, quarentena virou um checklist (competitivo) de todas as suas metas de vida: fazer cursos online, aprender uma nova língua, a tocar um novo instrumento... Isso sem falar na lista de coisas que você pode (deve??) fazer com seus filhos neste período: brincar de mímica, transformar a casa em um circuito com fita crepe, inventar caça ao tesouro, ensinar xadrez, fazer uma peça de teatro, acampar na sala...

Mas é quarentena ou ano sabático?
Porque parece que começou a rolar uma certa confusão aí. Nossas responsabilidades não continuam as mesmas - elas aumentaram: temos que conciliar home office com filhos e/ou casa, estágio com universidade/TCC ou seja lá qual for sua configuração e ainda arranjar um tempinho para nos exercitar - o mínimo que seja, para não cair no sedentarismo. Fora todo esse momento que estamos vivendo de uma pandemia e muita tensão no ar: uma simples ida ao supermercado virou uma ação que requer absoluta responsabilidade e preparação (eu fui outro dia e fiquei exausta!). Da porta de casa para a rua, nada mais é espontâneo. Então assim, calma, respira e pensa: peraí, produtivo para os padrões de quem?

Você fatalmente está fazendo muito mais do que fazia antes da quarentena começar. Só que você está se sentindo culpado porque nossa sociedade simplesmente instituiu o ócio (atualmente diretamente ligado ao conceito de estar em casa) como o oitavo pecado capital, quando o ócio é extremamente importante para a nossa cabeça - seja para ter ideias, para respirar a mente ou para acessar o que você está sentindo. Ou pra nada mesmo, qual é o problema?
Tá tu-do bem!
Se depois de um dia inteiro de home office ou aulas em videoconferência você quiser sentar para aprender a tocar violão ou assistir uma aula de mandarim para iniciantes, arrasa. Se não quiser, arrasa do mesmo jeito. Você não tem a menor obrigação de emitir diploma ou cumprir banco de horas em todos os momentos do seu dia. Faça o que você quiser fazer do seu tempo que não está preenchido por obrigações que você já tinha antes (aka trabalho ou estudo) da quarentena. E xô competição, opressão e essa ditadura da produtividade. Isso não acrescenta em nada. Eu diria aliás: acrescentar? Não, obrigada, a lista já tá enorme no básico, risos!