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Fiz as pazes com a minha pele oleosa

Rick Negreiros conta como foi o processo de fazer as pazes com a sua pele oleosa em uma conversa deliciosa de ler

Por: Rick Negreiros

Excesso de brilho, poros mais dilatados, sensação de pele pesada e tendência à acne. Essas são algumas das características de quem tem a pele oleosa assim como eu. Quem nunca manchou a camisa do amigo de base após um abraço gostoso por causa da oleosidade, pegou um guardanapo e colocou na testa pra ver se “grudava”, ou até mesmo se viu no espelho depois de um beijo e percebeu que o reboco do nariz tinha saído todo? Ai ai, são tantas histórias com essa pele que vou te contar...

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O que proponho hoje é uma reflexão a respeito dessas características que, por muito tempo, me incomodaram bastante na forma como olhava pra minha pele. É engraçado pensar nas tendências de beleza que atravessaram o mercado ao longo do tempo, para perceber como os nossos comportamentos mudaram e estão em constante movimento. Já vivemos a era da pele 100% matte com bastante pó no rosto para conter qualquer vestígio de brilho. Hoje, a famosa “pele glow” está nas tendências de passarelas, revistas, campanhas publicitárias, perfis no Instagram, e o mais legal: no nosso dia a dia.

+ Pele oleosa também precisa de hidratação, viu?

A gente de pele oleosa sempre teve esse “glow/brilho” natural sem precisar adicionar umas gotinhas de iluminador por cima. Claro, hidratação é diferente de óleo e todes nós já estamos nessa página, certo? Mas percebem que o peso maior sempre caiu por cima desse tipo de pele? Além de entender que, sebo em excesso pode resultar em cravos, espinhas, inflamações e outras questões dermatológicas, será mesmo que a indústria da beleza está preocupada com a saúde da pele para que ela continue boa com hidratação e proteção em dia, ou a preocupação maior está exclusivamente na estética de uma pele sempre opaca? 

No Manifesto Contra Beleza Lisa criado por uma influenciadora que gosto muito (um beijo Marineide), a gata propõe novos olhares para si a respeito da beleza. Foi através desse Manifesto, que comecei a questionar não só as imposições criadas pelo mercado da beleza ao longo dos anos, como também o desconforto e a raiva que sentia da minha pele ser como é. Em terapia, eu sempre falo uma frase que minha psicóloga adora: “se apodere do ridículo”. Digo isso porque, ao longo da minha vida, fui recebendo rótulos que, socialmente construídos, servem para diminuir alguém, por exemplo, bicha e gorda. 

A partir do momento que me aposso desses rótulos, passo pelo processo de ressignificar suas representações sociais e começo a usar deles como própria resposta, surge um mecanismo de empoderamento e força. É bicha? Então sou bicha! É gorda? Então sou gorda! “Se apoderar do ridículo'' é pegar tudo que foi lhe dito como negativo e criar sobre sua própria palavra, outras possibilidades de Ser. Torna-se assim, um processo de aceitação e leveza!

+ #vivasuapele Jotave: derrubando mitos sobre a pele oleosa

De modo geral, nosso corpo é muito inteligente e comunica se algo está bem ou não. Por exemplo, a febre é uma resposta do corpo dizendo que algo não está funcionando corretamente como deveria. É um alerta para que prestemos mais atenção no que está causando isso. Funciona do mesmo jeitinho com a pele. Por exemplo, no meu caso, se começo a ter uma rotina dormindo pouco, fazendo refeições desequilibradas, tendo picos de estresse no dia a dia, automaticamente minha pele vai dizer, “gata, para um pouco, respira, coloca as ideias no lugar, vai tomar um banho e cuidar da saúde, visse?”(sim, a minha pele fala desse jeitinho comigo haha).

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Pensa comigo: existem coisas tão grandiosas na gente que trabalham juntas para que, no final, tudo funcione da melhor forma possível. Então, pra quê tanto desdém comigo mesma? Tudo está conectado! E é através dessa conexão que vou construindo novos laços, (re)criando a maneira como enxergo a vida e tirando os pesos desses rótulos que só tornaram mais difíceis os processos que deveriam ser leves ao longo do tempo.  

A pele oleosa deixou de ser uma questão na minha vida quando comecei a refletir sobre esse órgão vivo e tão inteligente. É claro, faço toda minha rotina de skincare pensando nos cuidados que ela precisa para estar sempre radiante, e, mesmo procurando produtos com texturas mais leves de rápida absorção, há dias que o calor de Recife vai fazer essa oleosidade vir à tona, não tem jeito (risos)! 

+ O meu, o seu, o nosso relacionamento com nossa pele oleosa

Adoro pensar na ideia de que nada é tão estático que não possa sair do lugar. Tem dias que consigo controlar mais essa produção de sebo no rosto, já outros nem com oração pro universo resolve hahaha. Acreditar numa beleza livre é conviver bem no lugar que habito, seja com a pele oleosa, seca, mista, com tendência à acne, melasma ou não.

Dito isto, é um processo de aceitar as características que decorrem sobre meu tipo de pele para lidar da melhor forma. Ao longo do dia, a pele vai ficando mais oleosa sim, a maquiagem vai sair com mais facilidade também, aquele beijo gostoso pode tirar parte do reboquinho do nariz, e claro, não vai ter o produto milagroso que irá paralisar a pele no tempo, afinal de contas, se tudo que está vivo continua em movimento, por que essa obsessão toda por algo estático?

Essa jornada é longa, tenho quase certeza que é pra vida toda, em cada fase vivendo e aprendendo como cuidar de mim mesma. Por isso, fazer as pazes com a própria pele é compreender suas necessidades, buscar cuidá-las de forma mais leve, sabendo que na vida real coisas fogem do controle e simplesmente acontecem, basta aceitar e rir de tudo isso. :)

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