Nossa relação com a nossa pele é baseada em uma série de coisas - e impacta outras tantas também. Autoestima é uma delas, assim como muita informação, acompanhamento com profissionais, tentativa e erro, tentativa e acerto também. Mas um dos fios condutores do nosso relacionamento com a nossa pele é o tempo. O seu tempo, o tempo dela. A paciência que a gente precisa ter para que ela mande seus sinais de que "ó, isso deu certo" ou: "Filho, mas nem pensar! Odiei!". Ou ainda "Gostei, mas pega mais leve na frequência", entre tantos outros.
Hoje em dia vivemos em um mundo muito imediatista, em que tudo tem que ser na hora, tudo tem que ter efeito imediato. Acho que nossa falta de paciência com a nossa pele vem também daquele boom da maquiagem e dos mil tutoriais com bases miraculosas que, no passar de um pincel, nos davam a pele dos sonhos. Daí depois que a gente foi sendo tomado por essa tendência wellness, de um estilo de vida mais saudável e real, deu de cara com essa realidade: absolutamente nada no planeta vai te dar sua pele dos sonhos de uma hora para outra, na primeira passada.
Coloque aí mais um fator importantíssimo nessa nossa impaciência com nossa própria pele: os filtros do Instagram, que também te dão aquela falsa ilusão de que uma cútis pode ser absolutamente perfeita - e que para ser perfeitamente precisa ser lisinha, sem poros, sem textura. A gente se acostumou a se olhar tanto pela lente do celular que quando se olha no espelho estranha o que enxerga.
Há cosméticos que precisam de algumas semanas para que a pele comece a reagir positivamente. Há os que, com o uso contínuo, podem irritar, e fazer com que a pele se rebele. Mas mais do que tudo isso, tem o mais importante: o que a gente espera da nossa pele é realístico? A gente dá tempo para nossa pele chegar lá?
Eu tenho 39 anos. Sofro com acne desde os 12, 13. Foram tipo duas décadas dando murro em ponto de faca numa exaustiva queda de braço contra ela para só ali, com meus 30 e poucos anos, poder emitir definitivamente minha certidão de casamento com ela, depois de tanto tempo de união instável.
Muitas vezes me faltou paciência. Tantas vezes a escondi por baixo de camadas e camadas de base reboco e pó translúcido, ao invés de tentar trabalhar junto com ela. Mas eu aprendi. Décadas depois. Como disse, leva tempo: não é milagre, não é apenas uma legenda #lacradora do Instagram que vai mudar nossa cabeça. É uma relação que vamos construindo dia a dia... Quando achamos que está perfeita, ela vai e desmorona, e a gente tem que recomeçar. Ou então crescer dali, o que é mais construtivo.
Na nossa série #vivasuapele, esse tema alinhava diversos relatos. Do cultivo da autoestima a se olhar no espelho de aumento e analisar todos os poros todos os dias, é o tempo que vai ensinar a gente a lidar com a nossa pele, a cuidar dela.
Por isso, não se frustre se algum produto que sua melhor amiga indicou não der aquele efeito de pele maravilhosa no mesmo dia. Geralmente, o normal é não dar mesmo. Não fica arrasado se você achar que tiver dominado a história toda e vier uma espinha ridícula no meio da sua bochecha. A pele tem dessas coisas.
Prestes a fazer 40 anos, sinto de verdade que meu relacionamento com a minha pele, após eu fazer minhas pazes com sua textura e sua natureza, está prestes a se expandir: ruguinhas, perda da elasticidade...
Tempo, ele de novo. Mais uma pecinha que a gente vai encaixando. Não peça rapidez da sua pele. Deixa isso para aquela brincadeira com filtrinhos de rede social. Apenas relaxe e cuide dela. E divirta-se no caminho! Skincare é para ser prazeroso, leve. Se não for, alguma coisa você está fazendo errado.
Conta pra gente nos comentários: em todo o seu tempo cuidando da sua pele, o que de mais importante ela te ensinou?