Quando a gente fala em pimenta, muita gente já imagina a boca ardendo, os olhos lacrimejando, a garganta pegando fogo. Ou seja, puro desconforto e irritação. Tem quem ame, mas tem quem odeie, né? Por isso, fica difícil de imaginar que a pimenta possa ter propriedades calmantes e anti-inflamatórias para pele. Mas olha só: é a mais pura verdade. Prazer, pimenta da tasmânia!
O que é a Pimenta da Tasmânia?
Esse tipo de pimenta é também conhecido como pimenta da montanha e pimenta alpina. Ele é extraída de um fruto do arbusto Tasmannia lanceolata, que pode atingir de 2 a 10 metros de altura, e é nativo da Austrália - mais precisamente das montanhas geladas da ilha da Tasmânia.
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A pimenta da Tasmânia é uma espécie que tolera temperaturas baixíssimas no inverno, prospera em altitudes elevadas, sobrevive bem em locais rochosos e de alta incidência de vento. Seus frutos são pequenas bolinhas pretas-arroxeadas, que quando secas lembram a pimenta preta.
As propriedades da pimenta da tasmânia já eram conhecidas pelos povos nativos da Austrália, que chamavam essa espécie de “mourao”. Era parte da dieta e usada tradicionalmente para tratar infecções e dores de artrite.
Composição
Antes de sair elencando benefícios, é bacana falar sobre quais os elementos que encontramos na pimenta da Tasmânia. Afinal, isso ajuda muito a entender como ela age na pele. Então, segue o fio:
- Polygodial: responsável pelo sabor quente e picante, mas que tem propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e que acalma desconfortos da pele.
- Antocianinas: de maneira geral, podem ser descritas como pigmentos vegetais, mas sua função é muito maior que isso. São responsáveis por proteger contra os radicais livres, ou seja, são antioxidantes poderosos.
- Rutina: um bioflavonóide que tem propriedades anti-inflamatórias, efeitos antialérgicos e fortalece os capilares. Na pele, é conhecido por ajudar a acalmar a pele reativa.
- Minerais: a pimenta da Tasmânia conta minerais, que vão ser responsáveis por nutrir a pele. Entre eles, magnésio (estimula a regeneração celular e aumenta a produção de energia) e zinco (ajuda a diminuir a erupção cutânea e a aliviar a inflamação associada à acne).
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Quais os benefícios da Pimenta da Tasmânia?
Se a gente fosse resumir em uma frase, os benefícios da pimenta da Tasmânia são: calmante, anti-inflamatório, reduz a vermelhidão, coceira e a sensação de desconforto na pele. Ou seja, perfeito para peles sensíveis!
Mas talvez você esteja se perguntando como exatamente esse efeito calmante vem de uma pimenta, que é um alimento conhecido por arder. Bem, a pimenta da tasmânia atua em um sensor de desconforto da nossa pele: o canal TRPV1 (potencial transitório vanilóide subtipo 1). Ele é um sensor responsável pela sensação de dor quando a pele entra em contato com altas temperaturas (como uma superfície muito quente) ou por irritação química.
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Ao ser ativado, esse canal libera citocinas pró-inflamatórias (moléculas associadas a inflamações), dando aquela sensação de queimação, coceira. A pimenta da tasmânia inibe a ativação do TRPV1, reduzindo a liberação de mediadores inflamatórios. Ou seja, atenua a cascata inflamatória, acalma a pele imediatamente, reduz a coceira, a vermelhidão e a sensação de queimação.
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Quem explica ainda melhor é a nossa especialista em Pesquisa e Desenvolvimento Fabiana Souza: "A pimenta da Tasmânia reduz marcadores de inflamação inibindo os canais TRPV1, receptores de capsaicina da pimenta. Essas células do sistema nervoso são neurônios sensoriais, que quando inibidos reduzem a ação da cascata inflamatória, auxiliando assim na redução da vermelhidão da pele e com isso melhorando a sensação de coceira, dando esse efeito calmante. A capsaicina é considerada uma substância anti-inflamatória natural e analgésica, que auxilia na defesa do sistema imunológico, combatendo lesões e infecções causadas por inflamações."
É bom ressaltar: a atividade do canal TRPV1 é super importante para nos proteger e alertar para alguns perigos. Porém, sua atividade excessiva, como acontece em peles sensíveis e hiper-reativas, também é prejudicial. Além da sensação de desconforto, contribui para o envelhecimento precoce e degradação de colágeno. Ou seja, reduzir a ativação do receptor a níveis normais também é bem bacana.
Lembrando sempre: procurar um dermatologista é sempre a opção mais saudável e correta para sua pele!
Artigos e referências usados para esse texto
TRPV1, receptor da dor é hiperativo em peles sensíveis