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Psoríase: o que é, quais as causas e qual o tratamento

Um guia para entender melhor a psoríase, o que pode ser gatilho, quais mitos e quais verdades

A psoríase é uma doença crônica relativamente comum e não contagiosa. Estima-se que afete cerca de 3% da população mundial - 125 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 5 milhões apenas no Brasil. Porém, isso não impede que muita gente não a conheça ou que a enxergue com certo preconceito.

Por isso, hoje apresentamos um pequeno guia sobre psoríase, onde te explicamos tipos, causas, cuidados, além de desvendar alguns mitos e verdades.

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O que é a psoríase?

A psoríase é uma doença inflamatória, crônica, autoimune e não contagiosa. Se caracteriza pela presença de lesões arredondadas, avermelhadas e descamativas na pele. É uma doença em que os sintomas aparecem e reaparecem durante a vida, periodicamente.

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"Qualquer pessoa pode ter psoríase, mas é mais comum quando já existe algum membro da família com a doença. Por exemplo, se o pai tem psoríase, a chance de o filho ter é maior. A psoríase acomete homens e mulheres em igual proporção", afirma o Dr. Abdo Salomão, Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo) e sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

A doença pode aparecer durante a infância, mas é mais comum que apareça na vida adulta, entre os 20 e 40 anos.

Quais as causas?

As causas da psoríase não são conhecidas. O que se sabe é que tem caráter hereditário e que pode ter relação com o sistema imunológico. Além disso, fatores externos podem causar o surgimento e piora das lesões da pele, como o estresse, por exemplo.

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Quais os principais sintomas?

Os sintomas podem variar de acordo com o tipo de psoríase e de paciente para paciente. É mais comum que as lesões apareçam no couro cabeludo, joelhos, cotovelos, unhas, mãos e pés, mas podem surgir em qualquer área cutânea.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Placas vermelhas, com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas que persistem por semanas;
  • Pequenas manchas brancas ou escuras pós-lesões;
  • Pele ressecada e rachada;
  • Coceira, dor e queimação;
  • Unhas grossas, com furinhos, descoladas;
  • Inchaço e rigidez nas articulações.

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Quais os tipos de psoríase?

Existem vários tipos de psoríase, mas alguns são mais comuns, como é o caso da psoríase em placas ou vulgar.

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"Existem outras também, como a psoríase gutata, em que ficam uns pontinhos bem pequenos de psoríase. A psoríase do couro cabeludo é muito comum, em que formam placas brancas descamativas no couro cabeludo, que podem fazer cair o cabelo. Há também a psoríase das unhas, em que a unha fica parecendo que tem uma micose e até descola, quando vai ver, na verdade, é psoríase. Essas são as mais comuns", diz o Dr. Abdo Salomão.

Aqui um pouco mais sobre cada tipo:

Em placa ou vulgar

  • É, sem dúvida, a forma mais frequente. Representa 85-90% de todos os casos.
  • Os sintomas incluem: placas avermelhadas na pele com escamas prateadas ou esbranquiçadas, delimitadas, que podem coçar ou doer.
  • Pode atingir todo o corpo, incluindo áreas genitais. Mas é mais comum no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.

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Gutata

  • Costuma ser desencadeada por infecções bacterianas.
  • Tem como sintomas pequenas e numerosas lesões em forma de gota, cobertas por uma fina escama.
  • É mais comum que as lesões apareçam no tronco, braços, pernas e couro cabeludo.
  • Costuma acometer mais crianças e jovens.

Invertida

  • Atinge áreas úmidas, como axilas, virilha, ao redor de áreas genitais e embaixo dos seios.
  • Os sintomas incluem manchas inflamadas e vermelhas, sem escamas.
  • O quadro se agrava quando há atrito na região e suor excessivo.

Do couro cabeludo

  • Atinge a região do couro cabeludo, assemelhando-se à caspa.
  • Os sintomas são lesões avermelhadas, com escamas espessas esbranquiçadas e prateadas.
  • Podem ficar flocos de pele morta nos cabelos e nos ombros, após o coçar o couro cabeludo.

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Artropática

  • Pode estar associada a qualquer tipo de psoríase, atingindo entre 10-40% dos pacientes com psoríase.
  • Além do quadro de lesões descamativas na pele, esse tipo causa fortes dores nas articulações.
  • Dedos dos pés e das mãos, coluna, juntas dos quadris costumam ser afetadas.

Ungueal

  • Acomete unhas das mãos e dos pés.
  • A unha cresce de forma anormal, podendo ficar mais grossa, escamada, com cor incomum e com deformidades.
  • Pode ser que a unha chegue a descolar.

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Pustulosa

  • Caracterizada por manchas, bolhas ou pústulas em todas as partes do corpo ou em áreas como mãos, pés ou dedos.
  • É rápida. As pústulas podem aparecer poucas horas depois da pele ficar vermelha.
  • Em casos graves e raros, há a forma conhecida como psoríase pustulosa generalizada, que pode causar febre, calafrios, fadiga e coceira intensa.

Eritodérmica

  • O tipo menos comum entre todos.
  • Atinge o corpo todo.
  • Pode ser desencadeada por: outro tipo de psoríase mal-controlada, queimaduras, infecções, além de uso ou retirada abrupta de medicações.
  • Os sintomas incluem manchas vermelhas que coçam ou podem arder bastante.
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Como é feito o diagnóstico?

Segundo o Dr. Abdo Salomão, o diagnóstico de psoríase costuma ser clínico. "O dermatologista experiente vê a lesão e sabe se é psoríase ou não. Mas caso haja dúvida, basta fazer uma biópsia, se retira um pequeno fragmento, envia para análise em laboratório e temos o diagnóstico de certeza", explica.

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Quais os gatilhos que desencadeiam ou pioram a psoríase?

O dermatologista aponta que existem diversos gatilhos que pioram ou desencadeiam a psoríase, como o estresse, por exemplo, que é algo bem comum.

"Estresse, nervoso, preocupação, ansiedade, insônia e alcoolismo são os principais gatilhos. O paciente vai precisar aprender a conviver com a psoríase e entender bem os gatilhos, para aprender também a prevenir", diz o Dr. Abdo.

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Além disso, há outros gatilhos importantes, como: tabagismo, obesidade, algumas medicações, trauma direto sobre a pele e tempo frio.

Como é o tratamento?

A psoríase não tem cura, mas há tratamento, que deve ser feito por um dermatologista e cada caso deve ser estudado individualmente. "Há casos mais graves em que é necessário tomar imunossupressores, alguns em que é necessário tomar remédios como methotrexate e outros em que o uso de corticoides tópicos são indicados", orienta o Dr. Abdo Salomão.

Não é possível generalizar o tratamento, porque tudo depende do tipo, local afetado, a extensão e o organismo de uma forma geral.

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Além de tratamento com medicação tópica ou oral, a fototerapia (exposição à radiação UVA e UVB) também pode ser indicada.

Vale ressaltar que o paciente não deve jamais interromper o tratamento sem o conhecimento do médico, porque o quadro pode piorar.

Quais os principais cuidados?

Quem tem psoríase deve estar sempre atento a alguns cuidados básicos com a pele, para não agravar quadros. E tem uma aliada principal nessa história: a hidratação, que vai ser responsável por deixar a pele íntegra, saudável e protegida.

Aqui algumas dicas de cuidados:

  • Evite coçar ou mexer nas lesões
  • Evite banhos muito quentes e demorados, que podem ressecar demais a pele. Prefira água morna e banhos rápidos.
  • Prefira sabonetes gentis, shampoos neutros e cremes hidratantes sem perfume.
  • Mantenha uma alimentação saudável e equilibrada.
  • Hidrate a pele!

O Dr. Abdo Salomão ainda afirma: “o tabagismo e o alcoolismo fazem piorar a psoríase, porque leva ao estresse metabólico do organismo. Alguns alimentos mais pesados também podem piorar.”

Acompanhamento psicológico pode ser importante?

Com certeza o tratamento psicológico é um grande aliado. Não é segredo para ninguém que a psoríase pode afetar a qualidade de vida e autoestima de quem tem a condição.

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Por conta das lesões de pele, alguns pacientes tendem a se isolar, o que pode até piorar o quadro. "A pessoa precisa aprender a conviver com a doença, que é algo que provavelmente vai acompanhá-la a vida inteira. Isso não significa que ela não deva tratar, precisa tratar. E o acompanhamento psicológico é indicado, acho totalmente saudável", opina o dermatologista.

Mitos e verdades

Para tirar algumas dúvidas principais sobre o assunto, nada melhor do que desvendar alguns mitos que envolvem a doença. Todos preparados?

"Psoríase pega"

Não, é mito absoluto e reforça o preconceito contra quem tem a doença! A psoríase não é contagiosa. Não pode ser transmitida nem que a pessoa encoste diretamente na lesão.

"Estresse causa psoríase"

Não é bem assim. O estresse sozinho não causa a psoríase, mas é um gatilho para aparecimento ou piora das lesões.

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"O sol pode ajudar a melhorar os sintomas"

É verdade, mas vale ressaltar que pode haver tipos (como a pustulosa, por exemplo) que não se beneficiam com essa prática. É importante consultar um dermatologista para entender melhor o que sua pele precisa.

Dito isso, a fototerapia realmente ajuda a melhorar a psoríase e pode fazer parte do tratamento. Estudos afirmam que a após a exposição solar há uma redução nos marcadores inflamatórios locais e sistêmicos, o que ajuda na psoríase.

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Há também a opção de fototerapia com banhos de radiação UVA e UVA em clínicas, com acompanhamento especializado, e que devem ser orientados pelo seu médico.

"Psoríase piora no inverno"

Sim, é verdade. A psoríase piora nos meses mais frios e secos. E isso se dá muito porque a pele sofre mais no inverno mesmo.

De uma forma geral, a baixa umidade do ar, o vento e as baixas temperaturas fazem com que haja uma queda na nossa transpiração corporal e nossa pele já fica naturalmente mais seca.

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"A temperatura baixa provoca vasoconstrição nas extremidades, que é um encolhimento dos vasos da pele para que não percamos calor para o ambiente, que está mais frio, e mantenhamos a nossa temperatura corpórea. Esse reflexo de vasoconstrição causa um menor aporte de água, nutrientes e oxigênio para a nossa pele. Com isso ela fica mais sensível e sujeita a ressecamento, descamações e dermatites", aponta a Dra. Letícia Bertolini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Fora isso, a gente pode somar alguns outros fatores externos, como banhos mais quentes, que aumentam ainda mais esse ressecamento por promoverem uma remoção da oleosidade natural, diminuindo o manto hidrolipídico.

Portanto, nesse período de inverno, é ainda mais essencial manter a pele bem hidratada.

"Quem tem psoríase não pode fazer tatuagem"

O Dr. Abdo Salomão afirma que quem tem psoríase pode fazer tatuagem, mas há um risco, já que pode acontecer de surgirem lesões de psoríase no local.

Esse fato é conhecido como fenômeno de Koebner: onde a pele foi ferida (seja por agentes mecânicos, químicos ou biológicos), há o aparecimento de lesões de uma dermatose, como a psoríase. É claro que depois tudo é tratado e a lesão desaparece.

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Se a sua psoríase já surgiu por conta de traumas na pele antes, isso pode ser um alerta. O ideal é conversar com seu médico antes de qualquer procedimento.

"Psoríase some sozinha, sem tratamento"

A psoríase é cíclica, tendo períodos em que os sintomas aparecem e desaparecem. Mas o tratamento é essencial, já que é uma doença crônica e que pode atingir muito mais que a pele e deve ser tratado com seriedade. É importante lembrar que ela pode afetar o psicológico dos pacientes e também gerar questões físicas, como quando afetam as articulações.

Lembre-se: consultar um dermatologista é sempre a melhor opção para sua pele, ok?

Artigos e referências usadas para esse texto

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